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Alemanha esgotou capacidade para refugiados, diz presidente

Em meio a disputa entre Berlim e Roma sobre acolhimento de migrantes vindos pelo Mediterrâneo, Frank-Walter Steinmeier apela por “distribuição justa” de migrantes dentro da UE e controles de fronteiras externas

No Mediterrâneo, soldados de fragata alemã resgatam, em 13 de outubro, imigrantes que saíram de Zuwarah, na Líbia
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Antecipando sua visita à Itália, o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, alerta que seu país está tendo dificuldades em acolher mais imigrantes: “A Alemanha, assim como a Itália, está no limite de sua capacidade”, disse em entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera, publicada nesta quarta-feira (20/09).

Frisando que a Alemanha recebeu um terço de todas as solicitações de asilo da União Europeia na primeira metade de 2023, o político social-democrata reconheceu que ambos os países têm “cargas pesadas para arcar” e apelou por uma “distribuição justa” do volume migratório dentro da Europa.

Ele iniciou uma viagem de três dias à Itália, em que se encontrará com o presidente Sergio Mattarella e visitará a ilha mediterrânea da Sicília. Recentemente as autoridades italianas começaram a transferir alguns migrantes para lá, a fim de aliviar a ilha menor de Lampedusa, que vem registrando recordes de desembarques.

Alemanha e Itália em choque quanto a migração

Na entrevista, Steinmeier apontou a necessidade de “controles mais fortes e vigilância de nossas fronteiras externas”, a fim de limitar o afluxo migratório à Europa. Ele enfatizou que a Itália não deve ser deixada só nas questões de migração, e agradeceu ao país por demonstrar “tanta responsabilidade humanitária”.

Além disso, urgiu Roma e Berlim a negociar um acordo para resolver sua disputa atual sobre o tema. Em 13 de setembro, a Alemanha suspendeu até segunda ordem o acolhimento voluntário de migrantes vindos da Itália.

Segundo o Ministério do Interior alemão, os próprios italianos estariam se recusando a receber de volta indivíduos pelos quais Roma é responsável, conforme as leis da UE. O governo italiano, liderado pela ultradireitista Giorgia Meloni, tem sido criticado por cercear os direitos dos migrantes e impedir missões de resgate no mar.

Diversos políticos alemães pleiteiam um teto máximo para o número anual de migrantes e requerentes de asilo. O líder oposicionista Friedrich Merz, da conservadora União Democrata Cristã (CDU), propôs um limite de 200 mil por ano – sugestão rejeitada pela ministra do Interior, Nancy Faeser, do Partido Social-Democrata (SPD), do chanceler federal Olaf Scholz.

Segundo dados oficiais, o país recebeu cerca de 175 mil solicitações de asilo em 2023, excetuados os ucranianos. Paralelamente, a Alemanha já recebeu mais de 1 milhão de refugiados da Ucrânia, que são submetidos a um processo especial de asilo, em face da guerra de agressão da Rússia.

Ao mesmo tempo, Berlim está tentando atrair imigrantes para preencher cerca de 2 milhões de vagas de trabalho. Em junho, foi aprovada uma reforma da lei de imigração com o fim de facilitar o ingresso de mão de obra qualificada.

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