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Alemanha: eleições estaduais confirmam derrota de partido de Olaf Scholz e avanço da extrema-direita

A coalizão de centro-esquerda do chanceler Olaf Scholz foi derrotada neste domingo nas eleições estaduais das duas grandes regiões conservadoras do país, confirmando a ascensão da extrema-direita, já prevista por pesquisas

A coalizão de centro-esquerda do chanceler Olaf Scholz, na Alemanha, foi derrotada neste domingo (8) nas eleições estaduais das duas grandes regiões conservadoras do país. Foto: Luis ROBAYO / AFP
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O resultado foi um duro golpe para o Partido Social Democrata (SPD) de Scholz, para o partido Verde e o Partido Liberal (FDP). As eleições foram realizadas na Baviera, o maior estado alemão em área, e em Hesse, onde está localizada Frankfurt. O pleito confirmou o avanço da sigla de extrema-direita, Alternativa para a Alemanha (AfD).

En Hesse, o SPD teve 15,1% dos votos e chegou atrás da AfD, que teve 18,4%. O Partido Verde teve 14,8%, aliado do governo nas duas regiões, de acordo com resultados praticamente definitivos. O partido União Democrata Cristã, de Boris Rhein, obteve 34,6% e venceu as eleições.

O desempenho do partido de Olaf Scholz no pleito, que está no poder desde 2021, reflete a preocupação da população com o aumento dos preços e a crise industrial, que são, em parte, consequência da guerra na Ucrânia. A questão da imigração, que têm aumentado no país, também serviu de retórica para que os conservadores conquistassem parte do eleitorado indeciso.

“Se Olaf Sholz quer ser reeleito em dois anos, ele deve aceitar o fato de que os dois resultados marcam um ponto de ruptura em seu mandato e é necessário agir rapido”, escreve o jornal Der Spiegel em um editorial.

Segundo o presidente do SPD, Lars Klingbeil, uma mudança de “estilo” também se impõe. O sucessor de Angela Merkel costuma ser criticado por sua comunicação considerada “insuficiente” em política interna e relações internacionais.

Política migratória

O tabloide Bild cita uma pesquisa mostrando que 80% dos eleitores que foram às urnas neste domingo buscam uma mudança de política migratória.

A Alemanha registrou mais de 250 mil pedidos de asilo no fim de setembro, de acordo com dados publicados nesta segunda-feira. Os eleitores não confiam “na capacidade do governo” para reduzir o número de imigrantes que chegam ao país, segundo a pesquisa.

O FDP também conseguiu conservar sua vaga no Parlamento, mas não na Baviera. No Estado, a AfD teve 14,6% dos votos e perdeu para os conservadores do partido Freie Wähler, que teve 15,8%. O resultado é considerado como uma catástrofe para a chefe do SPD, Saskia Esken.

“O AfD é uma ameaça para a nossa democracia e nossa prosperidade na Alemanha”, declarou. O partido de extrema direita é exclusivamente forte no leste do país, onde estão situadas as regiões da ex-Alemanha Oriental, mais pobres.

Uma das dirigentes do AfD, Alice Weidel, comemorou os resultados. O partido anti-imigração, que também critica as medidas de proteção do clima, avançou nas pesquisas em nível nacional.

Para o porta-voz de Olaf Sholz, ainda é cedo para dizer se essas eleições vão gerar mudanças na maneira de agir do governo. “O chanceler está convencido de que o governo trabalha bem”, declarou.

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