Economia
Além do Brasil, quais países Trump cita em comunicado sobre impor tarifas recíprocas
O republicano dobrou a aposta em sua ofensiva comercial contra aliados e rivais dos Estados Unidos


O presidente Donald Trump anunciou, nesta quinta-feira 13, a decisão de impor tarifas recíprocas a aliados e a rivais dos Estados Unidos, o que deixa o mundo à beira de uma guerra comercial. Em um memorando, a Casa Branca citou diretamente o etanol brasileiro.
Ainda não se sabe, porém, quando Washington iniciará a execução da medida.
Um comunicado sobre a decisão do presidente menciona que os Estados Unidos aplicam uma tarifa de 2,5% sobre a importação do etanol brasileiro, enquanto o Brasil impõe uma taxa de 18%. “Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de 200 milhões de dólares em etanol do Brasil, enquanto exportaram apenas 52 milhões de dólares em etanol para o Brasil.”
O documento afirma haver “incontáveis exemplos” de parceiros comerciais que não oferecem tratamento recíproco.
Na sequência da menção ao Brasil, o comunicado sustenta que os Estados Unidos fixaram em 5% uma tarifa sobre bens agropecuários conhecida como Nação Mais Favorecida, enquanto a Índia recorre a uma taxa de 39%.
“A Índia também cobra uma tarifa de 100% sobre motocicletas norte-americanas, ao passo em que nós cobramos apenas uma tarifa de 2,4% sobre motocicletas indianas.”
Ao tratar da União Europeia, a Casa Branca argumenta que o bloco pode exportar livremente seus frutos do mar para os Estados Unidos, mas proíbe a importação desses produtos de 48 dos 50 estados norte-americanos, “apesar de ter se comprometido em 2020 a agilizar as aprovações”. Em relação à UE, ainda há críticas sobre tarifas em carros importados.
Trump argumenta também que, segundo um relatório de 2019, considerando 132 países e mais de 600 mil categorias de produtos, exportadores dos Estados Unidos enfrentam tarifas mais altas em dois terços dos casos.
O documento ainda mira os chamados impostos sobre serviços digitais aplicados sobre empresas norte-americanas. Canadá e França, diz a Casa Branca, arrecadam anualmente mais de 500 milhões de dólares cada de companhias americanas.
Na reta final do comunicado, o governo Trump se refere a outros três países que já foram alvo de suas medidas de força desde a posse, em 21 de janeiro. Acusa a China de “roubo de propriedade intelectual” e defende o tarifaço contra Canadá e México — que ele decidiu suspender por trinta dias no início de fevereiro.
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