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Agente da ditadura argentina extraditado da França pega 15 anos de prisão

Um tribunal considerou Mário Sandoval culpado por privação ilegal de liberdade e imposição de tortura a um perseguido político

Agente da ditadura argentina extraditado da França pega 15 anos de prisão
Agente da ditadura argentina extraditado da França pega 15 anos de prisão
Mário Sandoval em 2019. Foto: RONALDO SCHEMIDT/AFP
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O ex-oficial de polícia Mário “Churrasco” Sandoval, extraditado da França em 2019, foi condenado nesta quarta-feira 21 a 15 anos de prisão pelo sequestro e desaparecimento de um estudante na última ditadura argentina (1976-83), informaram fontes judiciais locais.

Um tribunal federal considerou Sandoval, de 69 anos, culpado por “privação ilegal de liberdade, agravada por sua condição de funcionário público, e imposição de tortura a um perseguido político”, em um julgamento por crimes contra a humanidade, cuja sentença foi divulgada pela agência estatal Télam.

Outras centenas de processos sobre repressão ilegal pesam sobre o condenado, mas a França só aceitou sua extradição pelo caso do estudante de arquitetura e militante da Juventude Universitária Peronista Hernán Abriata, sequestrado em 30 de outubro de 1976, quando tinha 24 anos.

Sandoval escutou a condenação de sua cela no quartel militar de Campo de Mayo, a oeste da capital argentina. Abriata segue desaparecido.

O Ministério Público e a parte denunciante pediram penas que vão de 20 anos à prisão perpétua.

Durante o julgamento, o condenado disse que não era o Sandoval autor do sequestro, e sim um homônimo, mas o tribunal considerou provas e testemunhos contundentes contra ele.

“Estamos satisfeitos com a condenação. Nós queríamos que ele também fosse julgado por genocídio. E vamos continuar solicitando que seja prisão comum”, disse hoje à AFP Mónica Dittmar, companheira de Abriata à época do sequestro.

Dittmar havia relatado os seguintes fatos: “Eu estava ao lado de Hernán quando bateram na porta. Os repressores estavam lá e Sandoval entrou primeiro. Estávamos em um apartamento de dois cômodos. Quando Sandoval saiu e o levou embora, me mostrou sua credencial e sua foto”.

“Foi uma longa busca por justiça. A família identificou os responsáveis pelo sequestro”, havia antecipado à AFP Sol Hourcade, advogada dos denunciantes.

O condenado morava na França desde 1985. Sua extradição foi requerida no contexto de uma ampla ação que investiga cerca de 800 casos de desaparecimentos e torturas na Escola de Mecânica da Armada, um dos maiores centros clandestinos de detenção na Argentina, por onde passaram cerca de 5 mil presos políticos. Apenas uma centena sobreviveu.

Sandoval obteve a nacionalidade francesa em 1997. Sem ocultar seu nome, se tornou consultor do Instituto de Estudos Avançados de América Latina em Paris. Foi professor na Sorbonne Nouvelle e na Universidade de Marne-La Valle.

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