Mundo
Afetados pela perda do olfato, enólogos reivindicam prioridade na vacinação na França
Durante apresentação de estudo, sindicato recomendou o reconhecimento da anosmia e da ageusia como doenças incapacitantes


O Sindicato dos Enólogos da França solicitou, em um comunicado à imprensa nesta terça-feira 23, uma “vacinação prioritária” para os profissionais do vinho, “particularmente afetados” em sua profissão pela perda do olfato ou do paladar, causada pela Covid-19. O pedido ecoa a promessa feita também nesta terça-feira pelo presidente francês Emmanuel Macron de acelerar ainda mais a vacinação, estendendo-a à categoria dos professores a partir de abril.
“As profissões de saúde, educação e todos os que trabalham na primeira linha dos serviços de atendimento merecem vacinação prioritária, mas acreditamos que as profissões de degustação, sobretudo enólogos e sommeliers, são particularmente impactadas na sua atividade profissional, pela anosmia [perda do olfato] e pela ageusia [perda do paladar]”, declarou Didier Fages, presidente do Sindicato dos Enólogos da França.
“A Covid-19 induz aos enólogos e sommeliers o risco de não poderem mais exercer a sua profissão. A vacinação é a única ação preventiva possível”, acrescentou, pedindo “atenção especial” a essas profissões.
O sindicato francês dos profissionais do vinho enfatizou que um estudo inédito, realizado no verão de 2020 em 2.625 profissionais do vinho em 37 países, incluindo a França, entregou “resultados preocupantes”: quase 38% dos profissionais do vinho perderam o paladar ou o cheiro por causa da Covid- 19 declararam-se incapacitados para o exercício da profissão.
Entre os profissionais infectados com Covid-19 (ou seja, 2,7% dos questionados), 68% haviam perdido o olfato e 56% sofriam de distúrbios do paladar.
Durante a apresentação do estudo, no dia 10 de março, o sindicato recomendou nomeadamente o reconhecimento da anosmia e da ageusia como doenças incapacitantes e a “vacinação prioritária dos profissionais do vinho”.
Professores serão os próximos na fila da vacina
Os sindicatos de professores da França disseram nesta terça-feira que estão “satisfeitos” com a prioridade que lhes será dada a partir de meados ou final de abril para serem vacinados contra a Covid-19, mas pedem que o governo francês “se comprometa a realmente fazê-lo.”
Viajando para Valenciennes (norte da França), o presidente francês Emmanuel Macron anunciou que os professores poderão ser vacinados a partir de meados ou final de abril, quando o número de vacinas disponíveis aumentar.
“A partir de meados de abril, teremos cada vez mais vacinas chegando, o que nos permitirá considerar a realização de campanhas direcionadas às profissões que estão expostas, para as quais pedimos esforços. Os professores fazem parte deste grupo legitimamente”, disse o chefe de Estado.
Paralelamente a este anúncio, vários sindicatos (Sgen-CFDT, Snalc e UNSA Education) enviaram uma carta aberta ao primeiro-ministro francês, Jean Castex, na manhã de terça-feira para solicitar o acesso prioritário do pessoal da “Educação Nacional” à vacinação.
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