Advogado israelense pede que árvore plantada por Bolsonaro seja arrancada

Presidente do Brasil plantou muda de oliveira no Museu do Holocausto durante visita a Israel

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Um advogado israelense especializado em Direitos Humanos enviou uma carta ao Museu do Holocausto em Jerusalém, Yad Vashem, na última quinta-feira 4, pedindo que a instituição retire a muda de oliveira plantada no local pelo presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, no 2 de abril. O gesto aconteceu durante a visita de três dias que o pesselista fez a Israel.

Na carta endereçada ao presidente do Yad Vashem, Avner Shalev, Eitay Mack alega que Bolsonaro “apoia a tortura” e que seu chanceler, Ernesto Araújo, “publicou um artigo dizendo que o nazismo alemão e o fascismo da Itália foram os movimentos de esquerda”. Por isso, pede que a árvore plantada pelo pesselista seja retirada do Yad Vashem “para evitar a profanação da memória do Holocausto e a memória de muitos movimentos de esquerda na Alemanha, que foram perseguidos e assassinados pelos nazistas”.

“Jair Bolsonaro, da extrema direita, demonstrou apoio à tortura, à volta da ditadura militar, à violência contra as mulheres, ao extermínio da população nativa, ao assassinato de membros da comunidade LGBTQ e de esquerda. Ele afirmou que ele preferia ser comparado a Hitler do que a um homossexual, disse que Hitler era um grande estrategista”, explica Mack na carta.

Museu nega pedido

O diretor de Relações Internacionais e Relações Governamentais do Yad Vashem, Yossi Gvir, respondeu no mesmo dia, numa rapidez pouco usual para o museu. A instituição negou o pedido do advogado, mas deu a entender que a considera “errônea” a declaração do presidente e do ministro das Relações Exteriores do Brasil.

Segundo Gvir, o Bosque das Nações, onde a árvore foi plantada, é de responsabilidade do Ministério das Relações Exteriores de Israel e do Fundo Nacional de Israel (KKL). “O Yad Vashem não boicota ou exclui ou, por outro lado, não confirma ou certifica declarações de autoridades visitantes de Estados independentes”, respondeu.

“A visita guiada do presidente do Brasil no Yad Vashem foi profissional e baseada em fatos históricos documentados e confirmados. Portanto, fica claro que a declaração errônea do presidente, depois de deixar o Yad Vashem, não aconteceu com base as informações passadas a ele durante sua visita”, reitera Gvir.

Para o advogado Eitay Mack, mesmo que o Museu do Holocausto de Jerusalém tenha se negado a desenraizar a árvore, a instituição corroborou que considera incorreto afirmar que o nazismo era um movimento de esquerda. “É importante que eles afirmem que as observações de Bolsonaro são historicamente incorretas”, disse Mack. “Isso é uma coisa incomum. O Yad Vashem não costuma dar lições aos líderes estrangeiros que os visitam”, comemora.


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