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Advogada pede que Macron seja firme com Milei após visita de deputados a repressores da ditadura

Congressistas governistas visitaram o repressor Alfredo Astiz e outros presos por crimes contra a humanidade

Advogada pede que Macron seja firme com Milei após visita de deputados a repressores da ditadura
Advogada pede que Macron seja firme com Milei após visita de deputados a repressores da ditadura
Presidente da Argentina, Javier Milei – Foto: Tomas Cuesta/AFP
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Sophie Thonon, advogada de desaparecidos franceses durante a ditadura argentina, pediu nesta quinta-feira 25 ao presidente  da França, Emmanuel Macron, que expresse clara rejeição a seu homólogo argentino, Javier Milei, pela visita que deputados governistas fizeram ao repressor Alfredo Astiz e a outros presos por crimes contra a humanidade.

“Haverá um encontro entre os dois presidentes. Eu espero, porque enviei a carta à Presidência (francesa), que eles conversem sobre esse tema e que Macron tenha uma posição firme dizendo que de nenhuma maneira Astiz tem que ser liberado da prisão”, disse Thonon em entrevista à rádio local AM 750.

Astiz, ex-capitão de 72 anos, tem duas sentenças de prisão perpétua por crimes contra a humanidade durante a ditadura militar na Argentina (1976-1983), incluindo os crimes das freiras francesas Leonie Duquet e Alice Domon.

O ex-militar é considerado um símbolo por atuar em um grupo especial destinado a sequestrar, torturar e matar opositores. Ele operava na Escola Mecânica da Marinha, a Esma, agora transformada no Museu da Memória.

Há duas semanas, um grupo de seis deputados do partido governista visitou Astiz e outros repressores condenados por crimes contra a humanidade na prisão de Ezeiza, na província de Buenos Aires.

Em uma carta publicada alguns dias depois, Thonon considerou que “o verdadeiro objetivo dessa visita foi, na verdade, assegurar os presos de que suas condenações seriam anuladas em breve e que eles seriam liberados”.

Em uma mensagem de WhatsApp que a imprensa local atribuiu ao deputado Beltrán Benedit, que participou da comitiva, o político considera que foi uma “visita humanitária” a “ex-combatentes que travaram batalhas contra a subversão marxista”.

Ao ser consultado sobre a visita em uma entrevista ao canal digital Neura na última sexta-feira, Javier Milei disse: “É a vontade deles. Eu não teria feito isso”.

Um relatório publicado pelo Centro de Estudos Legais e Sociais considera que a visita ocorre em um contexto em que “o governo de Javier Milei desmantelou, total ou parcialmente, políticas fundamentais para o processo de memória, verdade e justiça”.

Macron e Milei se reunirão na próxima sexta-feira no Palácio do Eliseu, em Paris, antes da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2024.

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