Mundo
A resposta da China ao ‘conselho’ dos EUA sobre possível adesão do Brasil à Nova Rota da Seda
‘O Brasil não precisa que outros venham lhe ditar com quem deve cooperar ou que tipo de parcerias deve conduzir’, diz a embaixada chinesa


A Embaixada da China no Brasil classificou de irresponsável um comentário feito pela representante de Comércio dos Estados Unidos, Katherine Tai, a respeito da possível adesão brasileira à Nova Rota da Seda, projeto de investimentos globais do gigante asiático. O comunicado foi divulgado nesta sexta-feira 25.
No texto, a porta-voz da embaixada chinesa Li Qi afirma que o conselho de Tai “carece de respeito ao Brasil, um país soberano, e despreza o fato de que a cooperação sino-brasileira é igualitária e mutuamente benéfica”. Na terça-feira, a representante do governo Joe Biden encorajou o Brasil a “olhar a proposta com as lentes da objetividade, com as lentes da gestão de risco”.
“O Brasil merece ser respeitado. É uma grande nação que defende sempre sua independência e tem grande projeção internacional. O Brasil não precisa que outros venham lhe ditar com quem deve cooperar ou que tipo de parcerias deve conduzir. A China valoriza e respeita o Brasil desde sempre”, registrou a embaixada chinesa.
Pequim ainda pontuou que os eventuais riscos mencionados por Tai contrarian os fatos, já que a China é o maior parceiro comercial do Brasil, maior destino das exportações brasileiras e principal fonte de superávit da balança comercial do País.
Os contratos da Nova Rota da Seda alcançam a cifra de 2 trilhões de dólares. Ao todo, cerca de 150 países entraram formalmente na iniciativa ou manifestaram interesse de participar dela. O tema estará na pauta da visita que o líder chinês Xi Jinping fará ao Brasil em novembro para participar da cúpula de líderes dos países do G20.
A sinalização de que o Brasil pode aderir ao projeto foi dada pelo presidente Lula (PT) em agosto, durante um evento promovido por CartaCapital em Brasília. Em outra oportunidade, o petista disse que a análise sobre a adesão do governo brasileiro deveria ser pragmática e rechaçou qualquer possibilidade de a parceria afastar o País dos EUA.
“Acreditamos que a cooperação sino-brasileira, ao alcançar níveis mais elevados, chamará maior atenção do mundo. Seria algo positivo se outros países, em resposta, valorizassem ainda mais o Brasil e aumentassem realmente seus investimentos em cooperação com o país”, defendeu a embaixada chinesa na nota.
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