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Qual é a razão da rebeldia de Justin Bieber?

Enquanto o astro problemático chega a um tribunal de Miami acusado de dirigir embriagado, alguns questionam a influência de seu pai, Jeremy

Justin Bieber deixa o centro correcional Turner Guilford Knight, em Miami, na Flórida, na quinta-feira 23
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Por Edward Helmore, em Nova York

A posição de Justin Bieber no firmamento pop adolescente pode estar ameaçada por seu comportamento na semana passada, quando o astro canadense de 19 anos foi solto sob fiança depois de ser preso por apostar corrida em um Lamborghini, supostamente sob a influência de álcool e drogas. Mas seu pai também sofre escrutínio, por deixar de controlar o filho rebelde e até, aparentemente, incentivar seu comportamento durante o racha que terminou em Miami Beach, na Flórida.

Segundo relatos, o pai de Justin, Jeremy Bieber, de 38 anos, festejou com seu filho nas horas anteriores a sua detenção e chegou a bloquear as ruas para que o filho embriagado pudesse correr com o carro alugado. O caos que caracteriza o estilo de vida do jovem cantor tem todas as marcas de uma crise destinada a se aprofundar, adverte a psicanalista e autora Jamieson Webster, de Manhattan. Ela diz que o comportamento errático de Bieber parece seguir um padrão observado em outros astros problemáticos, como Lindsay Lohan. Nesse cenário, as tentativas dos pais de se envolverem na vida dos filhos deixa os mesmos sem opção além de buscar um comportamento cada vez mais radical para romper o laço.

Os problemas muito divulgados de Lohan com drogas e álcool se aceleraram depois que seus pais, separadamente, tentaram desfrutar sua vida de fama como se fosse a deles próprios, disse a atriz. “Quando o pai convive com o filho dessa maneira, o resultado muitas vezes parece se aproximar da morte, porque a morte é para o filho a única maneira de se separar. Se os pais são predominantes, envolventes ou vivem por meio deles, é um relacionamento que se torna próximo demais. Os filhos buscam desesperadamente uma saída, por isso agem de maneiras cada vez mais destrutivas.”

No caso de Bieber, especula Webster, o relacionamento familiar é basicamente entre pai e filho, com sua mãe, Pattie Mallette, efetivamente mantida à distância. Depois de uma série crescente de incidentes, Bieber foi detido na noite de quarta-feira por dirigir, segundo disse à polícia, sob a influência de álcool, maconha e medicamentos controlados. Segundo amigos da família, sua mãe está buscando aconselhamento para colocar o filho em reabilitação. “Ela quer armar uma intervenção, mas precisa que todos estejam a bordo, e isso inclui Jeremy”, disse a fonte de Hollywoodlife.com.

Mas Bieber não escuta sua mãe, e claramente nem o pai e nem o filho estão prontos para encarar a reabilitação quando, em um eco de heróis rebeldes como James Dean, a alternativa inclui tirar rachas às 3 da manhã em um Lamborghini amarelo com um estoque de drogas e álcool e na companhia de uma modelo de lingerie. Segundo diversos relatos, Justin foi criado por sua mãe, e só mais tarde conheceu o pai, que tinha partido para formar família com outra mulher. Ele foi caracterizado como um joão-ninguém que só veio à superfície quando seu filho ficou famoso depois de ser descoberto em um vídeo no YouTube.

Mais tarde surgiram rumores de que o pai de Bieber tentou fazer música rap; outros afirmaram que ele tinha problemas com drogas e esteve envolvido com clubes de luta e artes marciais mistas. Sem uma orientação efetiva – o gerente de Bieber, Scooter Braun, parece impotente para encaminhar seu cliente à sobriedade –, o mais famoso astro infantil desta era parece destinado a continuar em uma trilha de destruição altamente comentada na mídia. A última prisão de Bieber ocorre poucos dias depois que a polícia de Los Angeles disse ter encontrado drogas e equipamentos para uso de drogas em sua casa na Califórnia.

No último ano o cantor brigou com fotógrafos em Londres, causou polêmica depois de uma visita ao Museu Anne Frank em Amsterdã e se viu envolvido em um escândalo com uma estrela pornô depois de ser filmado dormindo na cama no Brasil. Em Los Angeles, foi filmado urinando em um balde de um restaurante e concluiu uma viagem aos Hamptons (Nova York) com uma briga em um clube. Mas em uma entrevista recente ao Hollywood Reporter ele declarou: “Eu sei quem eu sou e o que estou fazendo na minha vida, e o que realizei e continuo a realizar como artista, como escritor, como pessoa, como ser humano. Estou feliz com o homem que estou me tornando”.

No pensamento de Bieber, o bando da mídia que o persegue acirradamente em qualquer novo fato é um adversário. “Eu não me importo”, continuou Bieber. “Não só não me importo para ser rebelde e fazer o que quiser, mas não me importo com o que eles dizem.” Quando o cantor foi libertado na quinta-feira, chamou a atenção para uma semelhança com Michael Jackson, ao subir na capota de sua perua e fazer o sinal da paz (Jackson subiu na capota de seu veículo para fazer o mesmo sinal quando chegou para ser julgado sob a acusação de molestar crianças em 2005).

Jeremy Bieber compartilha a opinião de que seu filho está sendo perseguido. Ele foi ao Twitter para divulgar aos seguidores que seu filho pode contar com seu apoio. “Eu posso proteger meus filhos, mas não posso protegê-los de vocês e suas mentiras. Acreditem na verdade, e não nas mentiras do inimigo.” Enquanto isso, as autoridades de Miami são criticadas por fornecer a Bieber uma escolta policial não autorizada quando ele chegou à cidade e de exagerar a quantidade de álcool que ele tinha no organismo quando foi detido. Fontes policiais inicialmente relataram que ficaram “assombradas” pelo cheiro de álcool quando o detiveram. Mas agora a polícia diz que o teste feito em Bieber indicou que ele provavelmente tinha bebido menos que uma cerveja.

Além disso, agora foi noticiado que a polícia de Los Angeles diz que não encontrou potes de biscoitos cheios de maconha e frascos vazios de codeína em sua casa quando executaram um mandado de busca na terça-feira, depois que Bieber foi acusado de atirar ovos em vizinhos (Bieber seria apreciador de uma bebida conhecida como “sizzurp”, geralmente uma mistura de Fanta com xarope para a tosse contendo codeína). “A casa estava em ordem. Não parecia um antro de drogas”, relatou um investigador. “Não havia qualquer frasco vazio de codeína, nem cheirava a maconha.”

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