Mundo
A reação do Itamaraty às provocações da polícia de Maduro contra Lula e o Brasil
Perfis oficiais da corporação divulgaram postagem que aludia ao presidente e à bandeira brasileira com a frase: “quem mexe com a Venezuela se dá mal”.


O governo brasileiro respondeu, nesta sexta-feira, a uma série de provocações de autoridades venezuelanas contra o Brasil.
Em uma nota breve, divulgada nesta sexta 1º, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil questiona o “tom ofensivo adotado por manifestações de autoridades venezuelanas em relação ao Brasil e aos seus símbolos nacionais”.
A manifestação acontece dois dias depois que a Polícia Nacional Bolivariana, subordinada ao governo de Nicolás Maduro, publicou nas redes sociais um post que aludia ao presidente Lula e à bandeira brasileira com a frase: “quem mexe com a Venezuela se dá mal”.
A declaração escalou um mal-estar que já vinha crescendo desde que o Brasil passou a solicitar, assim como os governos de outros países, as atas relativas às seções eleitorais da votação para presidente da Venezuela, realizada em julho.
O clima piorou ainda mais depois da após a exclusão da Venezuela da lista de novos integrantes do Brics, decisão apoiada pelo Brasil e que levou Caracas a acusar Brasília de “agressão” e a convocar seu embaixador de volta.
Na nota publicada nesta sexta, o Itamaraty afirma o governo brasileiro constatou “com surpresa” as publicações. “A opção por ataques pessoais e escaladas retóricas, em substituição aos canais políticos e diplomáticos, não corresponde à forma respeitosa com que o governo brasileiro trata a Venezuela e o seu povo”.
“O interesse do governo brasileiro sobre o processo eleitoral venezuelano decorre, entre outros fatores, da condição de testemunha dos Acordos de Barbados, para o qual foi convidado, assim como para o acompanhamento do pleito de 28 de julho”, completou o texto.
Leia na íntegra:
“O governo brasileiro constata com surpresa o tom ofensivo adotado por manifestações de autoridades venezuelanas em relação ao Brasil e aos seus símbolos nacionais.
A opção por ataques pessoais e escaladas retóricas, em substituição aos canais políticos e diplomáticos, não corresponde à forma respeitosa com que o governo brasileiro trata a Venezuela e o seu povo.
O Brasil sempre teve muito apreço ao princípio da não-intervenção e respeita plenamente a soberania de cada país e em especial a de seus vizinhos.
O interesse do governo brasileiro sobre o processo eleitoral venezuelano decorre, entre outros fatores, da condição de testemunha dos Acordos de Barbados, para o qual foi convidado, assim como para o acompanhamento do pleito de 28 de julho.
O governo brasileiro segue convicto de que parcerias devem ser baseadas no diálogo franco, no respeito às diferenças e no entendimento mútuo.”
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Polícia Bolivariana posta silhueta de Lula e diz que ‘quem mexe com a Venezuela se dá mal’
Por CartaCapital
Reação da Venezuela a veto do Brasil no BRICS é desproporcional, diz Celso Amorim
Por AFP