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A posição da China sobre a guerra na Ucrânia

O país apresentou um documento onde cita respeito à soberania, um chamado ao diálogo e o rechaço ao uso de armas nucleares

O presidente da China, Xi Jinping. Foto: Noel CELIS / AFP
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A China apresentou nesta sexta-feia 24 um documento no qual reafirma sua postura sobre a invasão da Ucrânia, iniciada há exatamente um ano, que inclui o respeito à soberania, um chamado ao diálogo e o rechaço ao uso de armas nucleares.

Organizado em 12 pontos, o documento apresenta Pequim como um ator neutro que pede a ambas as partes que iniciem negociações de paz. Porém, esta neutralidade é questionada pelos Estados Unidos e outros aliados da Ucrânia.

Nos últimos dias, Washington declarou que Pequim tem a intenção de fornecer armas à Rússia, o que a China nega veementemente.

Seguem os principais pontos do documento publicado nesta sexta, além das reações internacionais que provocou.

Respeito à soberania

Primeiro ponto: “a soberania, a independência e a integridade territorial de todos os países devem ser efetivamente defendidas”.

A China sempre se recusou a afirmar claramente que a Rússia era a culpada no caso específico do conflito na Ucrânia, desencadeado pela invasão de forças russas em território ucraniano.

Na rede de noticias CNN, o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, reagiu dizendo que o documento “poderia parar no primeiro ponto”, porque “a guerra poderia terminar amanhã se a Rússia deixasse de atacar a Ucrânia e retirasse suas forças”.

Chamado ao diálogo

A China pede à Rússia e Ucrânia que celebrem negociações de paz, destacando que “o diálogo e a negociação são a única solução viável”.

“A comunidade internacional deve seguir comprometida com o enfoque correto de promover as conversações de paz e ajudar as partes (envolvidas) neste conflito a abrir as portas para uma solução política o mais rápido possível, criando as condições e plataformas necessárias para retomadas das negociações”, estima China.

Não às armas nucleares

O documento se opõe a todo recurso às armas nucleares. “É preciso impedir a proliferação nuclear e uma crise nuclear”, destaca.

Esta tomada de posição se produz depois das declarações do presidente russo Vladimir Putin, que anunciou na terça-feira a suspensão do tratado Novo Start, último acordo bilateral deste tipo que vincula russos e americanos, cujo objetivo é limitar seus arsenais nucleares.

A China “se opõe à pesquisa, ao desenvolvimento e ao uso de armas químicas e biológicas por qualquer país e em qualquer circunstância”, recorda nesta sexta.

Ambas as partes “devem respeitar estritamente o direito internacional humanitário e evitar os ataques contra civis e edifícios civis”, acrescenta.

Não à “mentalidade da Guerra Fria”

É preciso “abandonar a mentalidade da Guerra Fria”, afirma Pequim, um argumento utilizado regularmente pela diplomacia chinesa.

O documento, em uma crítica velada à Otan, afirma que “a segurança de uma região não deve ser alcançada pelo reforço ou expansão de blocos militares”, e que “os legítimos interesses e preocupações de todos os países em matéria de segurança devem ser levados à sério”.

Nos últimos meses, o Ministério de Relações Exteriores chinês tem criticado os Estados Unidos e seus aliados pelo fornecimento de armas e equipamentos à Ucrânia.

Nesta sexta, a China condenou também as sanções unilaterais impostas a Moscou. “Não são capazes de resolver o conflito, mas de criar novos problemas”, destaca.

Limitar o impacto econômico

A China também pede que a economia mundial seja protegida do conflito na Ucrânia, preservando, especialmente, a Iniciativa do Mar Negro, um acordo que permite a exportação de grãos ucranianos apesar da situação.

Outra prioridade, segundo a China, é “manter a estabilidade das redes industriais e de abastecimento”, e, para isso, todas as partes envolvidas devem  “se opor à utilização da economia mundial como ferramenta ou arma com objetivos políticos”.

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