Mundo

A extrema direita fortalece sua presença no mundo

Dos EUA à Ásia, passando pela Europa, os extremistas ganham força. O processo democrático pode conter o radicalismo?

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Um artigo escrito por Daniela Fernandes, publicado no jornal Valor Econômico, ao mesmo tempo em que trata da atual desunião europeia, informa sobre a articulação que membros da extrema direita de muitos países daquela região estão costurando para aumentar a sua influência no Parlamento Europeu, com a significativa ampliação dos seus representantes obtido nas últimas eleições.

Isto decorreria da longa crise econômica e política pelas quais passa a região, ao mesmo tempo em que se fortalece certo sentimento xenófobo e nacionalista, notadamente com relação aos imigrantes africanos e do leste europeu que, por salários baixos, aceitam preencher empregos que eles pretendem sejam reservados para os nacionais.

Também nos Estados Unidos, como uma reação à política do atual governo de Barack Obama, que não vem obtendo bons resultados em diversas frentes, tanto internas como externas, nota-se o fortalecimento dos mais expressivos direitistas do Partido Republicano, assim como a consolidação até dos extremados membros do chamado Tea Party.

Os problemas decorrentes do aumento da importância econômica e política da China no mundo e notadamente na Ásia acabam gerando tensões com seus vizinhos, e entre eles os mais importantes como o Japão e a Coreia do Sul, ainda que estejam entre seus mais importantes parceiros comerciais. Correntes nacionalistas e direitistas tendem a apresentar mensagens capazes de cativar parte do eleitorado, como até o primeiro-ministro Shinzo Abe, procurando enfatizar estas posições na tentativa de recuperação econômica daquele país.

Na Índia, o novo governo que ganhou arrasadoramente as eleições tem uma bandeira nacionalista e contra a corrupção e ineficiência, ainda que tenha que adotar uma política pragmática para promover o seu desenvolvimento. No governo anterior havia um envolvimento internacional mais amplo nas formações acadêmicas de muitos dos seus principais membros, ainda que não tenha sido capaz de coibir a corrupção.

A China, nas reformas que está tentando implementar, visa contar com maior influência do mercado interno do que de suas exportações, mesmo que procure adotar as indicações do mercado e do setor privado na procura por melhoria na sua eficiência governamental. Na defesa das rotas de seus suprimentos acabam por fortalecer os esforços militares, presentes nos mares que os interessam, mesmo com o aumento dos atritos com seus vizinhos. Geram reações dos Estados Unidos e seus aliados na Ásia e no Pacífico, reforçando sentimentos nacionalistas em muitos países.

Nos países emergentes, alguns como o Brasil que lutou pela melhoria de sua distribuição de renda, ampliando uma nova classe média, acabam colhendo uma reação inclusive dos que contavam com privilégios, como os envolvidos nas operações bancárias e financeiras, que resulta numa tendência política de fortalecimento de sua direita.

O sentimento difuso e mal compreendido das restrições existentes para as populações tende a se expressar nas contrariedades com relação às prioridades escolhidas pelas autoridades, gerando até protestos públicos violentos de aparência direitista, com o surgimento até de Black Blocs que utilizam técnicas anarquistas.

Nas dificuldades presentes atualmente no mundo, observa-se que os segmentos que provocaram parte substancial da crise econômica e financeira a partir de 2007/2008 foram o bancário e financeiro. No entanto, diante da possibilidade de riscos sistêmicos, eles foram socorridos pelas autoridades dos principais países ampliando sua influência política, mas gerando insatisfações nas massas que foram prejudicadas. Algumas delas provocando violentas reações que procuram ser coibidas pelas autoridades.

São inegáveis que os bancos e entidades assemelhadas estão entre as principais entidades que proporcionam as receitas publicitárias que envolvem os principais meios de comunicação, que aumentam suas críticas às ineficiências governamentais como no Brasil. Mesmo que já existam casos de algumas organizações quase monopolísticas que tenham se definido em eleições locais passadas, sem obter o resultado esperado, não há como negar a sua importância na formação de opinião de muitos eleitores.

Acaba-se obtendo a impressão que muitos profissionais, inclusive brasileiros atuantes nos meios de comunicação, expressam opiniões que aparentam radicalizações para posições de extrema direita, de forma preocupante.

Nem sempre as formas violentas seriam as mais adequadas para avanços em uma sociedade, notadamente quando não há uma rigidez estrutural na mesma. Espera-se que o processo democrático eleitoral seja capaz de reduzir estas tensões.

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