A expectativa de Mauro Vieira sobre o acordo Mercosul-UE

Ministro das Relações Exteriores defendeu, também, que Brasil seja exemplo para negociação diplomática entre Venezuela e Guiana por território

Mauro Vieira. Imagem: Gustavo Magalhães/MRE

Apoie Siga-nos no

Para o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o Brasil deve insistir nas negociações para que o acordo entre Mercosul e União Europeia (UE) saia do papel. Em entrevista à rede alemã DW, publicada nesta segunda-feira 4, Vieira disse que a oposição expressa do presidente da França, Emmanuel Macron, não deve dificultar a finalização do acordo.

No último sábado 3, durante a realização da COP28, Macron chegou a dizer que o acordo era “incoerente” e “mal remendado”, uma vez que os termos “não levam em conta a biodiversidade e o clima”. Para Vieira, a posição francesa já era conhecida e se deve ao fato de Macron ter dificuldades internas. 

Para Vieira, os negociadores têm feito progressos e há uma expectativa para “que se possa concluir ainda um acordo de nível técnico”. Segundo ele, o Brasil ‘ainda espera’ fechar o acordo e “questões complexas já foram superadas, como as compras governamentais”. A expectativa é que as negociações sejam fechadas ainda esta semana, quando ocorre a reunião de cúpula do Mercosul, no Rio de Janeiro (RJ).

“As posições dos países do lado europeu são levadas pela Comissão e no nível político está o chefe de gabinete da presidente da Comissão, que é o interlocutor de nível político. Com ele nós temos falado, inclusive nesses dias em Dubai, durante a COP28, e ainda estamos trabalhando com uma perspectiva”, explica o chanceler.

“Vamos ver se é possível superar os últimos pontos ainda pendentes. Eu acho que é um acordo de interesse, que será estratégico para não só para o Mercosul, mas também para a União Europeia, como já foi declarado mais de uma vez por vários comissários e pela própria presidente Ursula von der Leyen”, apontou ainda Vieira.

Disputa entre Venezuela e Guiana


Na entrevista, Vieira também tratou da escalada da tensão diplomática entre a Venezuela e a Guiana. Os dois países disputam um território conhecido como Essequibo, administrado pela Guiana e que abriga reservas de petróleo. Ontem, um referendo realizado na Venezuela aprovou que o país crie uma província na região.

Vieira defendeu uma negociação diplomática para a disputa, lembrando que, nas vezes em que o Brasil esteve envolvido em disputas de limite de fronteira com os países, “todas foram resolvidas por negociação pacífica e pela arbitragem internacional”. Dessa forma, segundo o ministro, o Brasil poderia servir de exemplo para os dois países.

“O papel do Brasil é dar o exemplo de que nós sempre valorizamos e sempre adotamos um princípio que, inclusive, é constitucional, de solução pacífica de controvérsias”, destacou, afirmando que o país já expressou “para ambos os lados essa posição, o apoio e o estímulo que a questão seja resolvida pela negociação, pela solução pacífica”.

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.