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A escalada da violência nos protestos contra o governo do Nepal

Rajyalaxmi Chitrakar, esposa do ex-primeiro-ministro do país, teve a casa incendiada, sofreu queimaduras graves e não resistiu aos ferimentos; prédios públicos também foram queimados por manifestantes

A escalada da violência nos protestos contra o governo do Nepal
A escalada da violência nos protestos contra o governo do Nepal
Ondas de fumaça saem da Casa do Presidente em chamas, incendiada por manifestantes em Katmandu em 9 de setembro de 2025, um dia após a repressão policial às manifestações por causa das proibições das redes sociais e da corrupção por parte do governo. Foto: Prabin RANABHAT/AFP
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Rajyalaxmi Chitrakar, a esposa do ex-primeiro-ministro do Nepal Jhalanath Khanal, que governou o país em 2011, morreu nesta terça-feira 9 após sofrer queimaduras graves por todo o corpo em um incêndio causado por manifestantes em Katmandu, capital do país. Ela foi levada em estado crítico para o Hospital de Kirtipur e chegou a ser socorrida, mas não resistiu. As informações são agência de notícias espanhola EFE.

Além da casa de Chitrakar, manifestantes que lideram um protesto contra o atual governo atacaram diversos edifícios públicos e residências de outros líderes políticos do Nepal, incluindo a casa onde vive Sharma Oli, político que renunciou ao cargo de primeiro-ministro do país nesta terça-feira. Um terceiro ex-primeiro-ministro, Sher Bahadur Deuba, também foi alvo de ataques, além de Arzu Rana Deuba, esposa de Deuba e atual ministra das Relações Exteriores do país.

Entenda a origem dos protestos

Katmandu, capital do Nepal, tem sido palco de protestos violentos contra o governo do presidente Ram Chandra Paudel desde a segunda-feira 8. O político já enfrentava uma crise causada por acusações de corrupções, mas viu a insatisfação popular crescer após determinar o bloqueio de 26 redes sociais.

A justificativa de Paudel para o bloqueio das plataformas é de que as empresas gestoras não cumpriram um prazo dado pelo governo para se registrarem legalmente no país. O registro, alegou, era necessário para que as big techs pudessem colaborar com a justiça local em uma tentativa de combater notícias falsas e discursos de ódio. Ele também alegava que usuários estavam utilizando as redes sociais para cometer fraudes e outros crimes cibernéticos.

A decisão levou populares às ruas e os protestos passaram a ser reprimidos pela polícia, causando confrontos que resultaram em 19 mortes. O governo, diante da escalada da violência, recuou da decisão contra as plataformas e revogou a suspensão das redes. Os manifestantes, porém, seguiram em marcha e passaram a mirar nos prédios públicos e casas de políticos ligados ao governo.

As pessoas aglomeram-se enquanto a fumaça sai da Casa do Presidente em chamas, incendiada por manifestantes em Katmandu em 9 de setembro de 2025, um dia depois de uma repressão policial às manifestações por causa das proibições das redes sociais e da corrupção por parte do governo. Foto: Prabin RANABHAT/AFP

Presidente pede moderação

Em um comunicado divulgado nesta terça-feira, o presidente nepalês instou “a todos, incluindo os manifestantes, a cooperar para resolver pacificamente a difícil situação do país”. Paudel fez, ainda, “um apelo a todas as partes para que ajam com moderação e iniciem negociações”.

Oposição também renuncia

Horas antes do comunicado, 20 deputados do partido Rastriya Swatantra, de oposição, renunciaram sob a alegação de que o Parlamento perdeu sua legitimidade. O grupo propôs a criação de um governo civil interino para a resolução do conflito.

(Com informações de EFE e AFP)

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