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A culpa é (só) do caipira?

Acadêmicos divergem sobre o peso da América profunda na ascensão de Donald Trump e das ameaças à democracia

Festa do interior. Os eleitores do meio-oeste abandonaram os democratas, apesar de as políticas do partido serem mais benéficas – Imagem: Gabrielle Luriel/AFP
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Na política e na academia, há uma linha tênue entre o preconceito e a complacência. Nos últimos anos, a profunda divisão eleitoral nos Estados Unidos tem levado pesquisadores, acadêmicos e intelectuais a discordarem sobre as causas do comportamento de uma parcela da população cujas escolhas fazem diferença nas urnas: os brancos das zonas rurais que trocaram o Partido Democrata pelos rivais republicanos e, com maior convicção, pelo magnata Donald Trump. Durante décadas, esse eleitor foi menosprezado, relegado a segundo plano. Ou não. Talvez apenas tenha se sentido assim, como se tivesse sido deixado para trás no momento em que o discurso progressista avançou em direção aos centros urbanos e capturou a atenção dos candidatos e os esforços de políticas públicas. Embora grande parte do Centro-Oeste rural norte-americano tenha estado predominantemente ao lado do Partido Republicano desde a Guerra Civil, os democratas sempre contaram com a força rural dos sulistas brancos.

Nos anos 1970, o ex-presidente Richard Nixon foi, provavelmente, o primeiro a perceber que o ressentimento dos ruralistas poderia ser uma aposta republicana e deu início à chamada “Estratégia do Sul” para capturar o voto do eleitor branco do campo. A ação só viria, porém, a ser potencializada uma década depois, por ­Ronald Reagan, famoso pelos papéis de cowboy no cinema, em seus discursos que ressaltavam o “trabalho árduo”, os “valores familiares” e a “verdadeira América”, ditando os ideais rurais e a resistência conservadora contra um suposto elitismo liberal. A gota d’água para transbordar o ressentimento caiu em 1990, com a inauguração da rede de tevê Fox News e o sucesso de comentaristas reacionários e sem limites da estirpe de Rush Limbaugh.

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