50 anos após o golpe contra Allende, 4 em cada 10 chilenos o veem como principal culpado pela ditadura

Pesquisa aponta também, por outro lado, que 75% acreditam que a data deve ser relembrada para que direitos humanos não sejam mais violados

'Não esqueça o passado', diz cartaz de manifestante, em referência à ditadura de Augusto Pinochet. Foto: Javier Torres/AFP

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No marco dos 50 anos do golpe de Estado no Chile, que retirou da presidência o líder de esquerda Salvador Allende, o instituto de pesquisa Cadem divulgou, no último domingo 10, um levantamento sobre a percepção atual dos chilenos sobre o evento.

Para apenas 44% dos entrevistados, o general Augusto Pinochet e as Forças Armadas do país foram os principais responsáveis pelo atentado ao Palácio de La Moneda, que implantou a ditadura local. 

Outros 39% disseram que o principal culpado pela mudança de regime em 1973 foi o próprio Salvador Allende, que se suicidou por ocasião do golpe. Allende tinha sido eleito democraticamente em 1970. Durante o seu governo, o ex-presidente implementou reformas de base no Chile – o que despertou a reação dos setores conservadores do país.

O levantamento mostrou, também, que 57% dos chilenos se referem ao governo de Pinochet, que durou até 1990, como uma ditadura. No mesmo tema, 41% dos entrevistados disseram que houve um “governo militar”. 

A maioria dos entrevistados (57%) concorda que houve violação sistemática dos direitos humanos, ao passo que 33% acreditam que “foi feita justiça”.

Na pesquisa divulgada ontem, menos da metade (47%) dos entrevistados disseram que o 11 de setembro de 1973 é uma data relevante. Por outro lado, 75% afirmaram que é necessário que a data do golpe seja recordada, para que “nunca mais se violem os Direitos Humanos”. Na mesma pesquisa, 60% disseram que a data “deve ser deixada no passado”.


Segundo dados oficiais do governo chileno, cerca de 40 mil pessoas foram, direta ou indiretamente, prejudicadas pelo regime pinochetista, seja por desaparecimentos, torturas ou prisões.

A pesquisa foi feita por telefone e ouviu 712 pessoas, entre 06 e 08 de setembro. A margem de erro é de 3,7%, para mais ou para menos.

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