O aparelho é formado por um conjunto de instrumentações científicas que permite a aplicação de raios X e raio ultravioleta em estudos de materiais, com possibilidade de testar sua resistência. O potencial de usuários do equipamento é amplo e inclui as indústrias de óleo e gás, mineração, aço, cimento e petroquímica, entre outras. “Temos conversado com algumas empresas do setor de óleo e gás, há possibilidade de financiamentos em parceria com empresas”, explica. O projeto sofreu alterações recentes para incorporar novas tecnologias e tornar-se ainda mais sofisticado e atualizado. Isso dobrou o seu custo, estimado inicialmente em 650 milhões de reais. Pretende-se iniciar parte das obras civis neste ano.
O prazo está diretamente ligado ao fluxo de caixa do projeto, hoje vinculado ao Orçamento-Geral da União, dependente da política fiscal do governo federal. Em caso de ajustes por necessidade de obter maior superávit primário, o governo pode reduzir os recursos previstos para o projeto. “Essa possibilidade preocupa”, comenta um empresário da área de inovação de uma grande empresa.
Há parcerias entre a iniciativa privada e o governo. A cada ano, as consultas de pequenas, médias e grandes empresas ao Laboratório Nacional de Biocências, também integrante do CNPEM, crescem acima de 10%. Recentemente, o laboratório participou de uma rodada do programa Inova Saúde, do governo federal. Nesse encontro, a ColOff, que atua na coleta de amostras para exames clínicos, firmou parceria com o LNBio para desenvolver um novo produto, útil nos atendimentos de emergência, entre outros. Nos prontos-socorros, diante da dificuldade de saber se a diarreia foi causada por vírus, bactéria ou vermes, muitos médicos receitam antibióticos. A ideia da ColOff é elaborar um kit com marcadores de bactérias, vírus e protozoários para detectar mais rapidamente o problema. Sem estrutura de pesquisa e desenvolvimento, a saída da pequena empresa foi procurar a estrutura do LNBio e firmar um acordo.
Em 2011, o laboratório fez uma parceria com a fabricante de cosméticos Natura, passo importante para a constituição do laboratório de bioensaios, utilizado para testar grandes quantidades de moléculas importantes no desenvolvimento de novos cosméticos e medicamentos, muitas delas encontradas no ecossistema amazônico. Foi o primeiro laboratório desse tipo na América Latina. O investimento já produz frutos. “Com essa estrutura, conseguimos repatriar um grupo de pesquisadores que trabalhavam na Coreia do Sul com doenças negligenciadas como a doença de Chagas e a malária”, ressalta Kleber Franchini, diretor do LNBio.
Esses são exemplos da ampliação do espaço da inovação nas agendas corporativa e do governo. O investimento realizado pelo Brasil em ciência e tecnologia chegou, em 2012, a 1,74% do Produto Interno Bruto, o maior nos últimos 12 anos. O governo é o principal responsável pelos investimentos e responde por 52,37% do total. Segundo a mais recente Pesquisa de Inovação realizada pelo IBGE, 0,71% do faturamento líquido das empresas brasileiras entre 2009 e 2011 foi destinado à pesquisa e ao desenvolvimento, número 0,09% superior ao registrado em 2008.
O investimento brasileiro ainda é baixo em comparação com países avançados. No Japão e na Coreia do Sul, as empresas privadas investem mais de 1,5% do PIB em inovação. No entanto, os dados brasileiros devem ser relativizados. Perto de 60% a 70% dos investimentos mundiais privados estão relacionados a dois setores, os de eletroeletrônica e farmacêutica, com pouco peso na matriz industrial nacional. Há mudanças no horizonte. O setor automotivo, com 4% de participação em inovação privada no mundo, triplicou sua fatia e deve elevar ainda mais sua parcela. “A eletrificação e o veículo híbrido são novas fronteiras”, diz o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Nesse caso, a agenda é criar condições para as subsidiárias terem papel ativo na obtenção de mandatos de desenvolvimento de produtos. Nesse contexto, o governo federal lançou o Inovar Auto, novo e bem-sucedido regime para promover a competitividade da indústria automotiva nacional.