No mundo dos negócios, Abílio mostra o mesmo fôlego de sempre e renovada capacidade de reinventar-se. Em setembro de 2013, renunciou ao cargo de presidente do Conselho de Administração da rede de supermercados Pão de Açúcar, depois de um acordo com o controlador Casino. Desligou-se do grupo em que trabalhou por mais de quatro décadas, criado por seu pai, Valentim, em 1948, mas a saída não representou um ponto final em sua vida profissional.
Em pouco tempo, vendeu ações que detinha do Pão de Açúcar e começou a investir em outras empresas, como a BRF, multinacional verde-amarela criada pela fusão da Sadia com a Perdigão. Tornou-se presidente do Conselho de Administração da empresa e passou a influenciar a nomeação dos principais executivos, como o do CEO da BRF, Claudio Galeazzi, que trabalhou na reestruturação do Pão de Açúcar entre 2007 e 2013. Ao assumir o Conselho, a ideia transmitida para a imprensa e para os acionistas era a de que a empresa continuaria seu processo de internacionalização e reforçar seu modelo de gestão baseado na melhora dos processos e na valorização dos colaboradores.
Na BRF, Abilio mantém seu trabalho sobre quatro valores fundamentais aprendidos ao longo de sua vida. Primeiro, é preciso ser humilde, estar aberto a críticas e sugestões, relata em palestras sobre gestão e empreendedorismo pelo Brasil afora. O segundo é determinação e vontade de vencer, condição para constantes reinvenções. “Você tem de saber o que quer, questionar e buscar aquilo com garra.” Disciplina e equilíbrio emocional são outros dois elementos essenciais.
A BRF pode não ser o único novo negócio na vida do revigorado Abilio. Em publicações brasileiras e francesas, surgem rumores de que ele estaria em negociações para a compra de ações da gigante francesa Carrefour, movimento entendido por alguns como um possível caminho de volta ao mercado de varejo nacional, hoje dominado por duas marcas francesas, Casino e Carrefour, e uma americana, a Walmart.