Economia

Zanin vota contra lei da desoneração da folha, mas mantém reoneração gradual até 2027

O ministro considerou inconstitucional a prorrogação feita em 2023 sem cálculo de impacto fiscal, mas preservou efeitos

Zanin vota contra lei da desoneração da folha, mas mantém reoneração gradual até 2027
Zanin vota contra lei da desoneração da folha, mas mantém reoneração gradual até 2027
O ministro Cristiano Zanin, do STF. Foto: Carlos Moura/SCO/STF
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O Supremo Tribunal Federal começou nesta sexta-feira 17 o julgamento sobre a validade da lei que prorrogou a desoneração da folha de pagamento para 17 setores da economia e pequenos municípios. O relator do caso, ministro Cristiano Zanin, votou para considerar a lei inconstitucional, mas decidiu manter seus efeitos e não interferir na nova regra que prevê uma reoneração gradual até 2027.

Segundo Zanin, a lei aprovada em 2023 pelo Congresso Nacional descumpriu regras básicas de responsabilidade fiscal, já que foi votada sem uma estimativa do impacto financeiro da medida. Para ele, essa falha fere o princípio do equilíbrio das contas públicas.

“É imperiosa a declaração de inconstitucionalidade, impedindo-se que práticas semelhantes venham a ser adotadas no futuro, atribuindo-se hierarquia constitucional ao princípio da sustentabilidade orçamentária”, escreveu o ministro em seu voto.

Mesmo declarando a lei de 2023 inconstitucional, Zanin decidiu que os efeitos dela não serão anulados de forma retroativa, ou seja, as empresas não terão que devolver valores referentes ao período em que o benefício esteve em vigor.

O ministro também deixou claro que a lei aprovada em 2024, que estabelece o retorno gradual da cobrança da contribuição previdenciária entre 2025 e 2027, não faz parte da ação e, portanto, continua valendo.“Deixo de fazer qualquer análise sobre a Lei 14.973/2024 […] uma vez que não é objeto da presente ação direta de inconstitucionalidade”, afirmou.

O julgamento ocorre no plenário virtual do STF e vai até o dia 24 de outubro. Até agora, apenas o relator votou. A decisão é acompanhada de perto pelo governo, que busca reforçar a arrecadação após o Congresso rejeitar medidas de compensação fiscal propostas pelo Ministério da Fazenda.

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