Diversidade

Relacionamento homoafetivo não precisa ser público para ser uma união estável, decide STJ

A decisão reconheceu a união entre um casal de mulheres que manteve uma relação reservada por mais de 30 anos

Relacionamento homoafetivo não precisa ser público para ser uma união estável, decide STJ
Relacionamento homoafetivo não precisa ser público para ser uma união estável, decide STJ
Marcelo Camargo / Agência Brasil
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A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça decidiu, por unanimidade, que a exigência de um relacionamento ser de conhecimento público para que seja configurada a união estável homoafetiva pode ser flexibilizada. A regra, no entanto, vale apenas se estiverem presentes os demais requisitos previstos no artigo 1.723 do Código Civil, tais como a convivência contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.

A decisão ocorreu após a Turma analisar o caso de união estável entre duas mulheres que conviveram por mais de 30 anos, mas mantinham uma relação reservada, em uma cidade no interior de Goiás. Elas moraram juntas até a morte de uma delas, em 2020. Neste tempo, segundo o processo, adquiriram bens, realizaram reformas na casa em que viviam, receberam visitas, viajaram acompanhadas de amigos e frequentaram eventos sociais.

Na primeira instância, no entanto, o juiz reconheceu a convivência entre elas, mas considerou que não havia vínculo de união estável, já que a publicidade da relação não foi comprovada no processo. O Tribunal de Justiça de Goiás, ao ser provocado após a apresentação de um recurso, reverteu a decisão.

Os familiares da falecida recorreram ao STJ contra decisão do TJGO alegando que a publicidade da relação é indispensável para caracterizar a união estável. Conforme explicou a relatora do caso, ministra Nancy Andrighi, a união estável depende da disposição em constituir uma família e não do conhecimento da relação pela sociedade em geral. Além disso, a ministra destacou que para pessoas homossexuais é ainda mais difícil de se identificar o requisito da publicidade da relação, já que é comum que essas relações sejam omitidas, por receio de represálias.

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