Diversidade

MPF apura resolução do CFM que endurece regras para transição de gênero

A normativa aumenta de 18 para 21 anos a idade mínima para a realização de cirurgias de redesignação, além de proibir o uso de bloqueadores de hormônios em menores de idade

MPF apura resolução do CFM que endurece regras para transição de gênero
MPF apura resolução do CFM que endurece regras para transição de gênero
Foto: Divulgação/CFM
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O Ministério Público Federal no Acre abriu um procedimento para apurar a legalidade da resolução do Conselho Federal de Medicina que proíbe o uso de bloqueadores de hormônios em adolescentes trans e que, na prática, endurece as regras para a transição de gênero até os 21 anos.

A resolução, aprovada por unanimidade pelo CFM na última terça-feira 8, impede médicos de receitarem a jovens que entraram na puberdade os chamados bloqueadores de hormônios, voltados a retardar o aparecimento de traços físicos desconformes ao gênero com o qual esses adolescente se identificam.

Além disso, a normativa eleva de 16 para 18 anos a idade mínima para iniciar a terapia de hormonização em pessoas trans e de 18 para 21 anos o piso para a cirurgia de redesignação de gênero, retardando todo o processo de transição.

O CFM se baseou em uma lei aprovada em 2022 que diminui de 25 para 21 anos a idade mínima para passar por laqueadura ou vasectomia — a justificativa é que as cirurgias de redesignação também podem provocar esterilização.

Para ser validada, a normativa ainda precisa aparecer no Diário Oficial da União.

O procurador regional dos Direitos do Cidadão no Acre Lucas Costa Almeida Dias solicitou ao CFM que preste informações, em até 15 dias, sobre os fundamentos técnicos e jurídicos da normativa.

Dias pontua que a diretriz está em desacordo com recentes decisões do Supremo Tribunal Federal sobre o tema e com a despatologização da transexualidade, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde.

A apuração do MPF nasceu de uma denúncia da Associação Mães pela Diversidade e de uma nota técnica da Associação Nacional de Travestis e Transexuais, a Antra. As entidades questionam a legalidade da norma e avaliam que ela representa um “iminente risco à saúde física e mental de crianças, adolescentes e jovens trans”, em “evidente transfobia institucional que nega a identidade de gênero e impõe situações de vulnerabilização e violências”.

CartaCapital questionou o Conselho Federal de Medicina sobre a aprovação da normativa e a solicitação de esclarecimentos por parte do MPF. O espaço segue aberto.

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