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Relator da CPMI do INSS desiste de visitar Bolsonaro
Moraes havia autorizado a visita, mas Alfredo Gaspar comunicou a desistência ao STF horas depois. Deputado disse querer ‘blindar’ trabalho na CPMI


O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, autorizou que o relator da CPMI do INSS, deputado federal Alfredo Gaspar (União-AL), visite o ex-presidente Jair Bolsonaro, preso domiciliarmente, em 29 de outubro.
Após a decisão, Gaspar enviou ofício ao magistrado no qual declina da visita. O parlamentar afirmou à reportagem que desistiu da ida para evitar ilações sobre seu trabalho na comissão. “Infelizmente, enquanto estiver na relatoria não poderei ir, mas o presidente Bolsonaro tem minha solidariedade e respeito. Estou buscando fazer uma investigação séria e com resultados”, explicou.
De acordo com o alagoano, autorização para a visita a Bolsonaro havia sido solicitada antes de assumir a relatoria. Segundo ele, o ex-presidente gostaria de conversar sobre a disputa eleitoral no seu estado. “Concluídos os trabalhos da comissão, solicitarei novamente, por intermédio do advogado de defesa do senhor Jair Messias Bolsonaro, o agendamento da visita”.
Em agosto, logo após ter sido escolhido para relatar as apurações da CPMI sobre as fraudes contra aposentados, Gaspar declarou que não era o “momento conveniente” para se encontrar com Bolsonaro, por quem disse ter “consideração”. O deputado afirmou que a decisão visava preservar a “imparcialidade dos trabalhos” da comissão.
Também receberam autorização para visitas o ministro Jorge Oliveira, do Tribunal de Contas da União, o bispo Robson Rodovalho, fundador da igreja Sara Nossa Terra, e o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN).
Na decisão, assinada nesta quinta-feira 23, o magistrado ressaltou que todas as visitas devem observar as determinações legais e judiciais anteriormente fixadas. E determinou a realização de vistorias nos porta-malas de todos os veículos que saírem da residência de Bolsonaro, em Brasília. O pedido para liberar as reuniões partiu da defesa do ex-presidente.
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