Educação

Justiça revoga decisão que determinava desocupação da Secretaria de Educação do Pará

Os protestos, que já duram duas semanas, exigem a revogação de uma lei estadual e a exoneração do secretário Rossieli Soares

Justiça revoga decisão que determinava desocupação da Secretaria de Educação do Pará
Justiça revoga decisão que determinava desocupação da Secretaria de Educação do Pará
As comunidades temem que nova lei imponha cada vez mais aulas gravadas, transmitidas pela internet (Foto: Divulgação)
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A Justiça Federal revogou, nesta terça-feira 4, a decisão que determinava a desocupação da sede da Secretaria de Estado de Educação do Pará (Seduc), em Belém.

A juíza federal Maria Carolina Valente do Carmo reforçou a natureza pacífica da manifestação e que “as únicas alegações de violência entre as partes são direcionadas ao Estado do Pará”, disse.

A decisão também pontuou que a ocupação se limita a uma pequena parte das dependências da Seduc, sem impedir o trânsito de servidores ou comprometer significativamente as atividades.

“O prejuízo às funções administrativas da Seduc é reduzido e decorre especialmente da ausência de iniciativa do Estado do Pará”, apontou na decisão.

Desde 14 de janeiro, o prédio está parcialmente ocupado por povos e comunidades tradicionais em manifestação pela revogação de lei estadual que extinguiu normas que garantiam o ensino médio nos territórios em modalidade presencial.

A decisão foi tomada após a realização, na sexta-feira 31, de audiência e inspeção judiciais com diálogo interétnico e intercultural. A audiência, convocada pela Justiça Federal a pedido do Ministério Público Federal, ocorreu na sede da Seduc, com manifestações orais das lideranças e escuta ativa pela Justiça.

Impasse

O movimento é formado por indígenas e professores não indígenas que atuam em localidades distantes de centros urbanos como aldeias, comunidades rurais e ribeirinhas.

O grupo defende a revogação da Lei 10.820 que, entre outros pontos, extinguiria o Sistema de Organização Modular de Ensino (Some) e o Sistema de Organização Modular de Ensino (Somei), substituindo o ensino presencial por uso de televisores, e reivindicam também a exoneração do secretário de educação do estado Rossieli Soares.

O governo alega que não há qualquer iniciativa para acabar com o Some e que as áreas continuarão a ser atendidas pelo programa.

No entanto, segundo as lideranças, o governo se nega a tratar sobre a lei na totalidade e se propõe a tratar apenas da educação indígena, sem considerar que as pautas da educação não indígena, bem como as condições para a oferta de educação pública de qualidade estão relacionadas.

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