CartaCapital
Criminólogos fundam Instituto Brasileiro de Criminologia Cultural
Instituto nasce com representação em diversos países e busca disseminar área que tem crescido no campo das ciências criminais
A Criminologia Cultural é uma abordagem teórica, metodológica e intervencionista de estudo do crime e do desvio, que coloca a criminalidade e seu controle no contexto da cultura; isto é, considera o crime e as agências e instituições de controle do crime como produtos culturais – como construções criativas.
Nesse sentido, criminologistas culturais focam na geração contínua de significado em torno da interação: regras criadas, regras quebradas e uma interação constante de empreendedorismo moral, inovação política e transgressão. Leia mais sobre a criminologia cultural no fim da matéria.
Como consequência do desenvolvimento no estudo das ciências criminais no país, da reunião de quatro estudiosos surgiu nesse ano o Instituto Brasileiro de Criminologia Cultural. Os criadores são os brasileiros Salah H. Khaled Jr., professor na Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e Álvaro Oxley da Rocha, professor na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), além dos precursores do tema no campo global, o estadunidense Jeff Ferrell, da Texas Christian University e o britânico Keith Hayward, da University of Copenhagen.
O instituto nasce com coordenadorias internacionais com representações em universidade de Londres, Tennessee, Kentucky, Indiana (as três últimas nos EUA), além de Porto, em Portugal e Copenhagen, na Dinamarca.
No Brasil, diversos estados contam com representação, como Santa Catarina, Maranhão, Rio de Janeiro, São Paulo – por meio de Adilson Moreira, colunista na editoria de justiça da CartaCapital, Mato Grosso e Bahia.
Segundo o estatuto do instituto, será uma iniciativa voltada à difusão da corrente da criminologia cultural, com desenvolvimento de pesquisa, cursos, seminários, bem como disputa de narrativa e qualificação do debate público, no legislativo e em demais áreas. Parcerias com outras instituições , publicação de periódicos e revistas estão previstos pelo instituto que se coloca “de modo comprometido com a progressiva realização da justiça social”.
Sobre a Criminologia Cultural
A Criminologia Cultural enfrenta questões como produção do crime, direito e sociedade; controle social, justiça social e solidariedade; processos de criminalização; análise dos mecanismos de gestão da conflitualidade penal e políticas públicas correlatas; representação mediada do crime; criminalização cultural; protesto e política do espaço urbano; práticas subculturais de resistência; criminologia cultural verde e denúncia da predação ambiental; o nexo entre a segurança, o policiamento e o controle social, visando a contenção do poder punitivo e a consolidação da justiça social.
Com ela, é possível compreender um mundo contemporâneo no qual o crime e a imagem do crime espiralam juntos; onde as emoções do crime são construídas a partir de intensidades de experiência imediata, mas também do incessante fluxo de filmes de crime e televisão criminal; onde a insegurança e o deslocamento definem tanto a vida pessoal quanto os contornos dos problemas sociais; onde as predações criminosas do capitalismo global e as imagens e informações que circulam na mídia digital também merecem um olhar criminológico.
Foto destacada: Marcelo Camargo/Agência Brasill
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