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Suécia vai às urnas sob expectativa de guinada à direita

Eleições legislativas são marcadas por debate sobre imigração e pelo aumento da popularidade do partido de extrema direita. Pesquisas indicam que legenda pode obter até um quarto dos votos

Eleitores suecos vão as urnas neste domingo 9
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A Suécia vai às urnas neste domingo 9 para definir a nova composição de seu Parlamento, numa eleição dominada pelo debate sobre refugiados, com o partido de extrema direita e anti-imigração Democratas Suecos lutando pelo posto de mais votado.

Esta é a primeira eleição geral desde que a Suécia permitiu que 163 mil migrantes entrassem no país em 2015. Com apenas cerca de 10 milhões de habitantes, a nação escandinava foi a que recebeu maior número de requerentes de refúgio per capita na Europa naquele ano, e a questão migratória polarizou os eleitores suecos.

A mais recente pesquisa eleitoral, realizada pelo instituto Novus para a emissora pública SVT, apontou na última sexta-feira 7 que os Democratas Suecos contavam com 19,1% das intenções de voto – o que representaria um grande salto em relação aos 13% alcançados na eleição de 2014.

Algumas pesquisas online chegam a atribuir até 25% dos votos à legenda. Tal resultado provavelmente faria dos Democratas Suecos o maior partido no Parlamento, destronando os social-democratas.

De acordo com a pesquisa da SVT, o Partido Social-Democrata conta com 24,9% das intenções de voto – uma baixa histórica para o tradicional partido de esquerda, que domina a política sueca desde o pós-guerra. O Partido Moderado, de centro-direita, aparece em terceiro lugar, com 17,7%.

Cerca de 7,5 milhões de eleitores suecos devem escolher neste domingo entre 6.300 candidatos a um mandato de quatro anos no Riksdag, o Parlamento do país, com 349 assentos. É improvável que algum partido consiga sozinho alcançar a maioria, ou 175 assentos. Os membros do Parlamento devem eleger um novo primeiro-ministro.

Com o aumento da popularidade dos Democratas Suecos, a imigração se tornou o principal assunto do pleito atual. Com raízes num movimento neonazista, o partido vem tentando suavizar a imagem do partido.

No entanto, num debate na sexta-feira, o líder dos Democratas Suecos, Jimmie Akesson, causou polêmica ao culpar os próprios imigrantes pela dificuldade que frequentemente têm de conseguir um emprego e por não se adaptarem à Suécia.

Num comício do partido neste sábado 8, Akesson criticou o governo atual, do primeiro-ministro social-democrata Stefan Löfven, por priorizar os requerentes de refúgio. Os democratas suecos defendem que o país escandinavo saia da União Europeia e interrompa a imigração.

“Esta eleição é sobre decência, sobre uma democracia decente e sobre não deixar o partido extremista Democratas Suecos conseguir influência no governo”, afirmou Löfven.

Mohamed Nur, candidato social-democrata de 26 anos e ascendência somali, disse que Akesson pretende levar a Suécia de volta ao passado.

“Para mim, quando ele diz que imigrantes não são bem-vindos, ele está tentando espalhar o ódio entre a população. Na verdade, são os imigrantes que construíram este país”, afirma.

Partidos de extrema direita avançaram pela Europa nos últimos anos ao capitalizarem com a crise de refugiados, desencadeada pela guerra civil na Síria e conflitos no Afeganistão e em partes da África. Na Alemanha, por exemplo, a legenda populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) conquistou assentos no Parlamento do país pela primeira vez nas eleições do ano passado.

Se os Democratas Suecos de fato alcançarem um quarto dos votos na Suécia, o resultado causaria sensação no país, descrito como uma “superpotência humanitária” em 2014, pelo então primeiro-ministro Fredrik Reinfeldt, do Partido Moderado.

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