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Quem são os extremistas de direita dos EUA

Crença na supremacia branca, antissemitismo, homofobia e intolerância política são alguns dos pontos que os unem

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Por Vera Kern

Com a ação em Charlottesville, o ativista de direita de 34 anos Jason Kessler visava aproximar os diversos grupos radicais de direita americanos. Protegidos pelo direito constitucional à livre opinião, eles se apresentaram sob o slogan “Unite the Right” (Una a direita, em tradução livre).

Em primeiro plano, protestavam contra a retirada de um monumento ao controverso general da Guerra Civil Americana (1861-1865) Robert E. Lee, que liderava as tropas do Sul escravagista. No entanto, por mais distintas que fossem suas raízes e estilos, na passeata na cidade em Virgínia o foco comum dos direitistas era a “identidade branca” dos Estados Unidos.

Segundo dados fornecidos por Kessler, o movimento “Unity and Security for America” defendia a união das seguintes organizações:

Ku Klux Klan

Em reação ao movimento de direitos civis dos afro-americanos, voltou a se formar na década de 1960 a Ku Klux Klan (KKK), que aparecera pela primeira vez em 1865. O grupo é responsável por numerosas atrocidades e assassinatos. Hoje, calcula-se que conte entre 5 mil e 8 mil integrantes.

Da passeata em Charlottesville participou também David Duke, um dos mais destacados neonazistas americanos e ex-líder da KKK. Após os distúrbios que mataram uma mulher e feriram mais de 20 outras pessoas, ele instou o presidente Donald Trump a “dar uma boa olhada no espelho e se lembrar que os americanos brancos é que o colocaram na presidência, não os esquerdistas radicais”.

Críticos condenam o chefe de Estado republicano a não ter se distanciado o suficiente do agitador ultradireitista Duke durante sua campanha eleitoral.

Supremacistas brancos

Adeptos da “White Supremacy” estão convencidos de que existe uma raça branca, e se empregam o termo como sinônimo para grupos humanos de determinada cor de pele, origem ou associação.

Supremacistas brancos como os das Aryan Nations creem fanaticamente na superioridade biológica daqueles de origem europeia, estando convencidos de que, numa sociedade multiétnica como a dos EUA, os brancos estão no topo da hierarquia.

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Em Charlottesville também estavam representados os supremacistas da organização Vanguard America, reconhecíveis por seus escudos negros com armas cruzadas brancas.

Alt Right

O movimento Direita Alternativa é relativamente novo na cena radical. Baseado na ideologia racista, ele instiga contra a esquerda política e as minorias. Richard Spencer, diretor do think tank  extremista National Policy Institute” (NPI), é considerado o mentor da Alt Right. Em 2010 ele fundou a revista Alternative Right, cunhando assim o nome do movimento.

Alguns contam entre os porta-vozes da direita alternativa o veículo de opinião populista de direita Breitbart, que durante vários anos foi dirigido pelo estrategista-chefe de Trump, Steve Bannon.

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A Alt Right está intimamente entrelaçada com supremacistas e nacionalistas, porém costuma se apresentar de forma mais discreta. Alguns apontam também conexões com o ultradireitista Movimento Identitário da Europa.

Nacionalistas

Os nacionalistas americanos são próximos aos supremacistas, porém se distinguem por um componente ideológico importante: eles repudiam a ideia de uma sociedade multiétnica, almejando a um Estado unicamente branco.

Neonazistas

Os neonazistas dos EUA adotaram sua ideologia e simbolismo dos nacional-socialistas alemães. Adolf Hitler é seu visionário, modelo e herói. Eles agitam contra judeus, não brancos, homossexuais e portadores de deficiência. No fim dos anos 1960 foi fundado um partido nazista americano, porém sem sucesso. O Movimento Nacional-Socialista (NSM) é considerado a maior organização neonazista do país.

Especialistas em extremismo de direita atribuem aos neonazistas americanos contatos estreitos com a Alemanha. Assim, o hoje morto líder William Pierce teria circulado frequentemente nos meios do Partido Nacional-Democrata da Alemanha (NPD) e falado em suas reuniões.

Ao contrário da Alemanha, nos EUA símbolos nazistas como a cruz suástica, a saudação hitlerista e o uniforme marrom nazista não são proibidos, estando protegidos em nome da liberdade de opinião.

Neoconfederados

Os neoconfederados evocam o “Velho Sul”. Sob a bandeira confederada, querem o retorno ao espírito e à vida nos estados sulistas antes da Guerra Civil Americana. Considerando-se vítimas do Norte, que aboliu a escravidão, eles se caracterizam pela postura antidemocrática, homófoba e racista. Embora sua conexão histórica os distinga de outros ultradireitistas, há pontos de coincidência com os supremacistas.

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