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Piñera: ‘socialismo do século 21’ fracassou

Presidente do Chile afirma que ‘desastre’ de governos de Chávez, Kirchner e Correa explica avanço da direita na América Latina, mas diz não concordar declarações de Bolsonaro

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O presidente do Chile, Sebastián Piñera, explicou a recente guinada à direita nos países latino-americanos, como a eleição de Jair Bolsonaro no Brasil, com o “desastre” do “socialismo do século 21” aplicado pelos governos de ex-presidentes como Hugo Chávez, na Venezuela, Cristina Kirchner, na Argentina, e Rafael Correa, no Equador.

“Foi muito ruim para o povo, e quando o povo tem a oportunidade, o rejeita e elege uma opção com mais liberdade, como ocorreu na Colômbia, Argentina e Brasil. Apenas quando não podem, como no caso de Cuba e Venezuela, [onde os líderes] se prendem ao poder”, disse Piñera, em entrevista publicada no domingo 4 pelo jornal chileno La Tercera.

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Sobre Bolsonaro, o chileno afirmou não que não concorda com “muitas de suas declarações do passado” sobre “preferências sexuais, tratamento às mulheres, ditaduras e temas étnicos”. Ele destacou que os brasileiros votaram em Bolsonaro porque a outra opção seria o retorno de um governo que, “durante muito tempo, permitiu, tolerou e inclusive alimentou a corrupção, a estagnação, a mediocridade, a violência e a falta de segurança”.

Uma exceção, segundo o chileno, seria o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador. “O que vemos como presidente eleito é muito diferente de o que vimos como candidato”, comentou .

Quanto às dificuldades econômicas que a Argentina atravessa, Piñera disse que os problemas enfrentados pelo presidente Mauricio Macri ocorrem porque ele herdou uma “situação caótica” de sua antecessora, e em vez de enfrentar a crise com “tratamento intensivo, preferiu uma política de gradualismo”. Em sua opinião, a estratégia de Macri deve fracassar ou obter êxito “dependendo do que chegar primeiro, os bons resultados ou a perda da confiança”.

Quanto à situação de seu próprio país, Piñera disse que seu programa de governo prevê resultados em um prazo de oito anos, motivo pelo qual considera fundamental que a direita mantenha o poder nas eleições de 2021, que ele não poderá disputar.

Ele lamentou que, em 2013, no final de seu primeiro mandato, a direita se apresentou dividida para as eleições e perdeu para uma “candidata formidável” como Michelle Bachelet. “Espero que, em 2021, tenhamos unidade e uma visão de futuro e não tenhamos uma candidatura messiânica pela oposição. Dessa forma, teremos as condições de deixar marcas profundas no futuro de nosso país”, concluiu.

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