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O Irã deveria ter a bomba nuclear?

Para o teórico Keneth Waltz, monopólio de Israel precisa ser balanceado para que o Oriente Médio tenha maior estabilidade política

O Ocidente fornece bilhões de dólares em armas para nações antidemocráticas da região, fazendo ouvidos moucos para revoltas populares com o objetivo de manter o Irã sob controleFoto: Ruzbeh Jadidoleslam/AP
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Nos últimos meses, houve um intenso debate sobre a melhor forma de Estados Unidos e Israel lidarem com o suposto avanço do programa nuclear do Irã. Em meio a isso, foram aprovadas novas sanções à República Islâmica no Conselho de Segurança da ONU e o embargo da compra do petróleo iraniano pela União Europeia, algo que já começa a afetar as contas do país. Nem mesmo o retorno das negociações com Teerã amenizou a crise, que sequer deveria existir porque a melhor saída para conter a instabilidade no Oriente Médio é um “Irã nuclear”. Ao menos é isso que defende Kenneth N. Waltz, o pai da teoria do Neorrealismo, uma das mais importantes correntes das Relações Internacionais.

Em um artigo na edição mais recente da revista norte-americana de política internacional Foreign Affairs, o professor da Universidade de Columbia (EUA) e pesquisador sênior no Instituto Saltzman de Estudos de Guerra e Paz, aponta que a melhor forma de estabilizar a região é colocando um fim ao monopólio de mais de 40 anos de Israel como potência nuclear no Oriente Médio. Waltz, de 88 anos, ainda argumenta que, caso isso ocorra, a possibilidade de uma guerra com o Irã de Mahmoud Ahmadinejad seria remota devido ao equilíbrio de poder. A materialização dos arsenais de ambos os lados seria o suficiente para que os países se controlassem, pensando antes de partir para a ação militar. “Nunca houve uma guerra entre estados nucleares”, destaca.

A corrente de pensamento da qual Waltz faz parte tenta explicar e prever conflitos. Para eles, os países buscam poder no sistema internacional, que muitas vezes é militar, para garantir sua hegemonia e segurança. Logo, um mundo com apenas uma potência é mais perigoso porque esse país pode impor suas vontades aos outros. Quanto maior o número de potencias, maior o equilíbrio de poder. Esses países analisarão melhor as consequências de um ataque militar se tiverem adversários capazes de infringir danos sérios aos seus territórios e cidadãos.

A crise atual com Irã, por estar ligada a décadas de monopólio israelense no Oriente Médio, não poderia ser solucionada com pressão internacional, acredita Waltz. Se a República Islâmica acreditar que sua segurança depende desta tecnologia, prossegue, nem mesmo sanções podem dissuadi-la. Um cenário que EUA e Israel dizem ser inaceitável, mas historicamente todas as vezes que um país conseguiu desenvolver um arsenal nuclear, os outros “membros do clube” sempre atenuaram o discurso e precisaram aceitar o fato. Em muitos destes casos, o professor ressalta que houve diminuição das tensões regionais, como a queda do apetite belicoso da China maoísta e a difícil relação entre Índia e Paquistão, que está mais “cuidadosa”. Isso ocorreria porque os países que adquirem armas nucleares passam a ser mais vigiados pelas demais potencias.

É neste histórico que Waltz aposta para refutar a ideia de que os líderes da República Islâmica utilizariam suas armas no primeiro momento de conflito ou que entregariam ogivas diretamente a terroristas, mesmo que isso traga retaliações severas. Primeiro, porque apesar de os aiatolás, em muitos momentos, adotarem uma retórica do ódio, não possuem propensão à autodestruição. Depois, porque seria praticamente impossível transferir essas armas sem correr um alto risco de ser descoberto, além de ser inviável entregar armas caras a grupos terroristas cujos líderes são incontroláveis.

Waltz ainda destaca não haver motivos para crer em uma corrida nuclear no Oriente Médio caso o Irã monte seu arsenal, pois isso não ocorreu nem mesmo quando Israel obteve armas deste tipo em meio a uma guerra com seus vizinhos. Não haveria, portanto, motivos para acreditar que isso ocorreria agora. Apesar de as conclusões terem embasamento profundo, as teorias não abrangem todos os possíveis cenários. O próprio autor destaca ser impossível prever as verdadeiras intenções iranianas, embora seja mais provável que seu desejo nuclear decorra do sentimento de necessidade de proteção e não de um desejo suicida.

Nos últimos meses, houve um intenso debate sobre a melhor forma de Estados Unidos e Israel lidarem com o suposto avanço do programa nuclear do Irã. Em meio a isso, foram aprovadas novas sanções à República Islâmica no Conselho de Segurança da ONU e o embargo da compra do petróleo iraniano pela União Europeia, algo que já começa a afetar as contas do país. Nem mesmo o retorno das negociações com Teerã amenizou a crise, que sequer deveria existir porque a melhor saída para conter a instabilidade no Oriente Médio é um “Irã nuclear”. Ao menos é isso que defende Kenneth N. Waltz, o pai da teoria do Neorrealismo, uma das mais importantes correntes das Relações Internacionais.

Em um artigo na edição mais recente da revista norte-americana de política internacional Foreign Affairs, o professor da Universidade de Columbia (EUA) e pesquisador sênior no Instituto Saltzman de Estudos de Guerra e Paz, aponta que a melhor forma de estabilizar a região é colocando um fim ao monopólio de mais de 40 anos de Israel como potência nuclear no Oriente Médio. Waltz, de 88 anos, ainda argumenta que, caso isso ocorra, a possibilidade de uma guerra com o Irã de Mahmoud Ahmadinejad seria remota devido ao equilíbrio de poder. A materialização dos arsenais de ambos os lados seria o suficiente para que os países se controlassem, pensando antes de partir para a ação militar. “Nunca houve uma guerra entre estados nucleares”, destaca.

A corrente de pensamento da qual Waltz faz parte tenta explicar e prever conflitos. Para eles, os países buscam poder no sistema internacional, que muitas vezes é militar, para garantir sua hegemonia e segurança. Logo, um mundo com apenas uma potência é mais perigoso porque esse país pode impor suas vontades aos outros. Quanto maior o número de potencias, maior o equilíbrio de poder. Esses países analisarão melhor as consequências de um ataque militar se tiverem adversários capazes de infringir danos sérios aos seus territórios e cidadãos.

A crise atual com Irã, por estar ligada a décadas de monopólio israelense no Oriente Médio, não poderia ser solucionada com pressão internacional, acredita Waltz. Se a República Islâmica acreditar que sua segurança depende desta tecnologia, prossegue, nem mesmo sanções podem dissuadi-la. Um cenário que EUA e Israel dizem ser inaceitável, mas historicamente todas as vezes que um país conseguiu desenvolver um arsenal nuclear, os outros “membros do clube” sempre atenuaram o discurso e precisaram aceitar o fato. Em muitos destes casos, o professor ressalta que houve diminuição das tensões regionais, como a queda do apetite belicoso da China maoísta e a difícil relação entre Índia e Paquistão, que está mais “cuidadosa”. Isso ocorreria porque os países que adquirem armas nucleares passam a ser mais vigiados pelas demais potencias.

É neste histórico que Waltz aposta para refutar a ideia de que os líderes da República Islâmica utilizariam suas armas no primeiro momento de conflito ou que entregariam ogivas diretamente a terroristas, mesmo que isso traga retaliações severas. Primeiro, porque apesar de os aiatolás, em muitos momentos, adotarem uma retórica do ódio, não possuem propensão à autodestruição. Depois, porque seria praticamente impossível transferir essas armas sem correr um alto risco de ser descoberto, além de ser inviável entregar armas caras a grupos terroristas cujos líderes são incontroláveis.

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