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O automóvel como arma terrorista

Há anos extremistas usam carros e caminhões para avançar contra multidões, como em Barcelona

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Por Andreas Gorzewski

Ao menos 13 pessoas morreram e cerca de 50 ficaram feridas, sendo que dez em estado grave, após um atropelamento em Barcelona, na Espanha, nesta quinta-feira 17. O ataque é tratado como terrorista pelas autoridades catalãs.

A utilização de veículos por terroristas vem se tornando frequente nos últimos anos. Organizações extremistas convocaram repetidas vezes seus seguidores a realizarem esse tipo de atentado, difícil de ser frustrado pela polícia.

Diferentemente de explosivos e armas de fogo, automóveis estão disponíveis para qualquer pessoa e não despertam, a princípio, nenhuma desconfiança. Por isso, a lista de atentados do tipo é longa. 

19 de junho de 2017 – Um homem morreu e dez pessoas ficaram feridas depois que uma van avançou contra fiéis que saíam de uma mesquita em Londres durante a madrugada, afirmou a Polícia Metropolitana da capital britânica. Todas as vítimas são muçulmanas. O incidente ocorreu pouco depois da meia-noite, na Seven Sisters Road, perto da mesquita de Finsbury Park. A polícia disse ter prendido um suspeito. “O motorista da van foi encontrado detido pelas pessoas que estavam no local e foi preso em conexão com o incidente”, informou a polícia.

22 de março de 2017 – Um carro avançou contra pedestres na ponte Westminster, no coração de Londres, matando três pessoas e deixando cerca de 50 feridos. Próximo dali, dentro da área pertencente ao prédio do Parlamento britânico, o motorista, Khalid Masood, esfaqueou um policial, que também morreu, antes de ser baleado e morto por policiais. Nascido Adrian Russell Ajao, o britânico de 52 anos teria se convertido ao islamismo. Ele fora condenado por uma série de crimes e, apesar de ter aparecido em investigações sobre terrorismo, não era considerado ameaça séria pelos serviços de inteligência.

19 de dezembro de 2016 – Um caminhão invadiu um mercado de Natal praça Breitscheidplatz, no bairro de Charlottenburg, em Berlim, deixando 11 mortos e ferindo 55. O autor do atentado, o tunisiano Anis Amri, de 24 anos, foi morto quatro dias depois do ataque por policiais nos arredores de Milão, no norte da Itália.  Amri vivia como refugiado na Alemanha, onde teve seu pedido de asilo negado, mas não foi deportado por falta de documentos. Ele tinha relações próximas com círculos muçulmanos extremistas, usara quase dez identidades diferentes para receber ajuda social em cidades na Alemanha. O tunisiano havia jurado fidelidade ao “Estado Islâmico” antes de realizar o atentado, estava sob investigação dos serviços antiterrorismo alemães, mas não chegara a ser considerado um perigo iminente pelas autoridades.

14 de julho de 2016: Em Nice, no sul da França, um caminhão avançou contra uma multidão, matando mais de 80 pessoas. O tunisiano Mohamed Lahouaiej Bouhlel, de 31 anos de idade, foi morto a tiros por policiais ao usar um veículo de 25 toneladas para realizar o atentado. O ataque ocorreu durante as festividades por ocasião do Dia da Bastilha, quando milhares de pessoas estavam reunidas na famosa avenida à beira-mar Promenade dês Anglais para ver a queima de fogos de artifício. Bouhlel morava na cidade e não estava na lista de vigilância dos serviços de inteligência franceses.

14 de março de 2016: Na Cisjordânia, um soldado foi atropelado e ferido por um palestino. Antes disso, no mesmo lugar, dois palestinos haviam atacado um posto do Exército israelense com armas de fogo. Todos os três palestinos foram mortos por tiros das forças de segurança israelenses. No total, três soldados saíram feridos.

14 de dezembro de 2015: Um palestino avança com seu carro sobre um grupo de pessoas que esperava num ponto de ônibus na periferia de Jerusalém, deixando 14 pessoas feridas. O autor do atentado foi morto a tiros.

13 de outubro de 2015: Dirigindo em alta velocidade, um palestino jogou seu carro contra uma parada de ônibus, onde estavam muitos passantes. Em seguida, o homem desceu do veículo e esfaqueou um israelense, antes de ser morto por policiais.

5 de novembro de 2014: Numa parada de bonde em Jerusalém, um agressor palestino avançou sobre passantes com sua van. Em seguida, ele desceu do carro e atacou os transeuntes com uma barra de ferro, matando um homem e ferindo outras 14 pessoas. A organização palestina radical Hamas reivindicou a autoria do atentado.

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20 de outubro de 2014: Num subúrbio de Montréal, um canadense de 25 anos convertido ao islamismo avançou com um veículo sobre um grupo de soldados, matando um deles e ferindo outro. Depois de uma perseguição, o autor foi morto a tiros. Durante a investigação subsequente, constatou-se que ele pretendia se aliar a um grupo extremista na Síria.

4 de agosto de 2014: Em Jerusalém, um homem de 23 anos da parte árabe da cidade, no lado oriental, avançou com uma escavadeira sobre um ônibus de linha, matando um passante e ferindo várias outras pessoas. O motorista do ônibus ficou levemente ferido. O agressor foi morto a tiros pela polícia.

22 de maio de 2013: O soldado britânico Lee Rigby foi atropelado no meio da rua por dois londrinos de origem nigeriana e, em seguida, esfaqueado até a morte. Os agressores permitiram que passantes filmassem a cena e declararam que queriam vingar os muçulmanos vítimas da violência ocidental em outras partes do planeta.

2 de julho de 2008: Com um veículo para recolha de resíduos, um homem da parte oriental de Jerusalém avançou contra outros automóveis na Jaffa Road. Ele matou três pessoas e feriu ao menos 30 passantes, até ser morto pela polícia.

Carros-bomba

Além desse tipo de ataque, carros-bomba são utilizados repetidamente por suicidas contra postos policiais e militares ou instalações civis. No Iraque e em outros países do Oriente Médio, já não é mais possível contar o número de ataques desse tipo.

Na Europa, registrou-se um ataque semelhante em 30 de junho de 2007. Um jipe carregado com botijões de gás propano se chocou contra o portão de entrada do aeroporto internacional em Glasgow, na Escócia, pegando fogo em seguida.

Barreiras de concreto impediram que o veículo conseguisse entrar no interior do terminal. Os dois agressores, um indiano e um iraniano, foram presos numa troca de tiros com forças de segurança. Um deles veio a morrer mais tarde das queimaduras que sofreu no ataque.

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