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França: Macron e Le Pen iniciam batalha final pela presidência

Favorito, o novato Macron recebe apoio da centro-direita, da centro-esquerda e do mercado financeiro

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Por María Elena Bucheli

O candidato de centro e pró-europeu Emmanuel Macron e a aspirante da extrema-direita antiglobalização Marine Le Pen iniciaram nesta segunda-feira 24 a batalha final pela presidência francesa, um duelo entre duas visões antagônicas sobre o futuro da França, da Europa e da globalização.

Macron, um ex-executivo do setor bancário com pouca experiência política, é considerado o grande favorito para o segundo turno da eleição presidencial de 7 de maio, depois de receber 23,75% dos votos no primeiro turno e ficar à frente da líder da Frente Nacional (FN), que recebeu 21,53%, de acordo com resultados definitivos.

Pela primeira vez em quase 60 anos, os dois grandes partidos tradicionais da esquerda e da direita que dominam a política francesa, o Socialista e o Republicano, estão fora do segundo turno. “Em um ano mudamos a face da política francesa”, declarou Macron aos simpatizantes, que comemoraram o resultado de domingo nas ruas de Paris.

“Estamos vivendo um momento histórico, com um candidato que sai do bipartidarismo, que vai renovar a classe política e que é uma boa notícia para a Europa”, afirmou Quentin, um fervoroso eleitor de Macron.

Le Pen também celebrou um “momento histórico”, com um recorde de 7,6 milhões de votos. “Superamos a primeira etapa”, disse a candidata da extrema-direita, que repete 15 anos depois a façanha do pai. “Há muitos anos esperava por isto, anos em que nos cuspiam, nos chamavam de nazistas. Mas no fim as pessoas abriram os olhos”, afirmou Aldric Evezard, 36 anos, militante da FN.

As manchetes dos jornais resumem o terremoto político registrado no domingo e o que está em jogo no segundo turno. “A direita sofre nocaute”, afirma o conservador Le Figaro. O esquerdista Libération publica uma foto de Macron com a manchete: “A um passo”. “Jamais!”, exclama o comunista L’Humanité, com uma imagem de Marine Le Pen.

A Bolsa de Paris disparou nesta segunda-feira nos primeiros minutos, com alta de 4,1%. As demais praças europeias também operavam com resultado positivo, em uma demonstração de apoio dos mercados a um candidato que é um fervoroso europeísta. As bolsas asiáticas também fecharam em alta e a cotação do euro registrava uma valorização.

“É o cenário perfeito com o qual os mercados sonhavam, depois do Brexit e da vitória do protecionista Donald Trump nos Estados Unidos em 2016″, afirmou Sebastien Galy, analista do Deutsche Bank AG em Nova York.

O conservador François Fillon, que perdeu a condição de favorito na campanha por um escândalo de empregos supostamente fantasmas de sua esposa e dois de seus filhos, sofreu uma derrota humilhante, com 19,91% dos votos, praticamente o mesmo resultado do líder da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon

O socialista Benoît Hamon, candidato do partido do atual presidente François Hollande, admitiu um “desastre” eleitoral, com apenas 6,35% dos votos.

Frear a extrema-direita 

Aos 39 anos, Macron é o grande favorito para se tornar o presidente mais jovem da história da França e isto sem nunca ter disputado uma eleição.

Líder do partido “Em Marcha!”, que há três anos era um total desconhecido, recebeu o apoio de quase toda a classe política francesa, de esquerda e direita, que defende o voto nele para frear o avanço da extrema-direita.

O radical de esquerda Mélenchon foi um dos poucos que ainda não se manifestou até o momento.

O presidente François Hollande, de quem Macron foi ministro da Economia durante dois anos, ligou para dar parabéns. Macron deixou o governo em agosto de 2016, antes de iniciar o projeto de conquista do poder com seu novo partido, que rejeita os rótulos esquerda e direita.

O que está em jogo no segundo turno foi destacado logo de início pelos dois candidatos: Europa e globalização. Diante de seus eleitores reunidos na zona sul de Paris, Macron afirmou que levaria a “voz da esperança” para a França e a Europa. 

“O que está em jogo nesta eleição é a globalização selvagem que coloca em perigo nossa civilização”, afirmou Le Pen, que defende o abandono do euro e propõe um referendo sobre a permanência da França na União Europeia, o que representaria um golpe fatal a um bloco já fragilizado pelo Brexit.

Macron e Le Pen dispõem de 15 dias para convencer os 47 milhões de eleitores. O vencedor do segundo turno terá em seguida a complexa missão de negociar alianças para as eleições legislativas de junho.

Leia mais em AFP

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