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EUA confirmam ajuda a rebeldes na Síria

Washington admite auxílio a opositores de Assad e fala sobre a criação de enclaves rebeldes no território sírio

Hillary Clinton durante entrevista nesta quarta-feira, na qual admitiu apoio dos EUA a rebeldes. Foto: Karen Bleier / AFP
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Incapaz de romper o bloqueio da Rússia a uma intervenção estrangeira na Síria, o governo dos Estados Unidos adotou como estratégia o apoio unilateral aos rebeldes que tentam derrubar o ditador Bashar al-Assad. A interferência por parte de Washington não é uma novidade, pois é notório que os há algum tempo, mas chama a atenção o fato de que o apoio não é mais um segredo. Nesta terça-feira 24, a secretária de Estados dos EUA, Hillary Clinton, deixou isso claro.

Em entrevista coletiva, Hillary tratou a vitória militar da oposição como uma certeza. Ela evitou falar em quanto tempo este processo vai levar, mas foi taxativa quanto ao resultado do conflito. “Temos de trabalhar mais perto da oposição, porque mais e mais território está sendo tomado e isso eventualmente resultará (na formação) de um local seguro dentro da Síria que então servirá de base para futuras ações da oposição”, disse Hillary. Se os rebeldes conseguirem o que Hillary imagina, terão grande vantagem. A partir desses enclaves, aliados dos rebeldes, como Arábia Saudita, Catar, Turquia, além dos EUA, poderão ajudá-los em operações mais robustas e ousadas para dar fim ao regime Assad. A secretária de Estado afirmou que o auxílio continua sendo do tipo não-letal, e que os EUA têm ajudado os rebeldes com comunicação e apoio médico.

O apoio pode ser “não-letal”, mas a óbvia intenção é ajudar a oposição síria a se tornar mais letal. Reportagem da agência Reuters publicada na noite de segunda-feira 23 citou uma fonte anônima do governo norte-americano segundo a qual a política de apoio aos rebeldes “avançou um pouco”. “Queremos ajudá-los a se tornar mais coesos, tanto em termos de capacidade de criar uma visão única, mas também em termos de se comunicar e estar em contato uns com os outros”, disse a fonte.

Ao apoiar os rebeldes, os Estados Unidos estão mexendo numa Caixa de Pandora. Os termos “rebeldes” ou “oposição” dão a impressão de que os rivais de Assad são um grupo único, mas a realidade não é essa. A linha de frente contra o regime é formada hoje por militares que desertaram após a violenta repressão de Assad contra as manifestações pacíficas do ano passado. Estes formam o Exército Livre da Síria (ELS), cuja capacidade de lutar ainda é inferior à das forças regulares de Assad. Somam-se ao ELS diversos grupos diferentes, incluindo religiosos radicais, cujas credenciais democráticas são tão precárias quanto às de Assad.

Diante deste cenário, a possível derrubada do ditador e a ascensão automática desses grupos apresentam dois riscos graves para o futuro da Síria. O primeiro é o surgimento de uma administração precária em substituição ao atual governo. Reportagem publicada nesta quarta-feira pela revista Time mostrou como os Comitês de Organização Local, agora responsáveis por cuidar das cidades que caíram nas mãos dos rebeldes, têm problemas para realizar suas tarefas. Entre esses problemas estão desde a falta de dinheiro, causada pela incapacidade de arrecadação, até brigas de família por conta do controle desses comitês. O segundo problema é o surgimento de uma violência sectária que dê à Síria um destino semelhante ao da Iugoslávia, dividida em Estados conforme linhas étnico-religiosas, ou do vizinho Iraque, à beira de uma guerra civil entre xiitas e sunitas.

Na entrevista desta quarta, Hillary Clinton afirmou que o futuro da Síria pós-Assad é motivo de preocupação para os Estados Unidos. Segundo ela, entre os desafios da oposição estão criar novas entidades governamentais, proteger as armas químicas da Síria, facilitar a ajuda humanitária e garantir os direitos de todos os sírios, não importando qual religião cada um professa. São todos desafios que vão determinar o destino da Síria e causam preocupação em toda a comunidade internacional. Ao admitir participação nos rumos do conflito, os EUA atrelam sua imagem e sua política externa diretamente ao que ocorrer na Síria. É certamente uma posição pensada diante da eterna disputa por poder e influência no Oriente Médio, mas que envolve uma série de riscos.

Incapaz de romper o bloqueio da Rússia a uma intervenção estrangeira na Síria, o governo dos Estados Unidos adotou como estratégia o apoio unilateral aos rebeldes que tentam derrubar o ditador Bashar al-Assad. A interferência por parte de Washington não é uma novidade, pois é notório que os há algum tempo, mas chama a atenção o fato de que o apoio não é mais um segredo. Nesta terça-feira 24, a secretária de Estados dos EUA, Hillary Clinton, deixou isso claro.

Em entrevista coletiva, Hillary tratou a vitória militar da oposição como uma certeza. Ela evitou falar em quanto tempo este processo vai levar, mas foi taxativa quanto ao resultado do conflito. “Temos de trabalhar mais perto da oposição, porque mais e mais território está sendo tomado e isso eventualmente resultará (na formação) de um local seguro dentro da Síria que então servirá de base para futuras ações da oposição”, disse Hillary. Se os rebeldes conseguirem o que Hillary imagina, terão grande vantagem. A partir desses enclaves, aliados dos rebeldes, como Arábia Saudita, Catar, Turquia, além dos EUA, poderão ajudá-los em operações mais robustas e ousadas para dar fim ao regime Assad. A secretária de Estado afirmou que o auxílio continua sendo do tipo não-letal, e que os EUA têm ajudado os rebeldes com comunicação e apoio médico.

O apoio pode ser “não-letal”, mas a óbvia intenção é ajudar a oposição síria a se tornar mais letal. Reportagem da agência Reuters publicada na noite de segunda-feira 23 citou uma fonte anônima do governo norte-americano segundo a qual a política de apoio aos rebeldes “avançou um pouco”. “Queremos ajudá-los a se tornar mais coesos, tanto em termos de capacidade de criar uma visão única, mas também em termos de se comunicar e estar em contato uns com os outros”, disse a fonte.

Ao apoiar os rebeldes, os Estados Unidos estão mexendo numa Caixa de Pandora. Os termos “rebeldes” ou “oposição” dão a impressão de que os rivais de Assad são um grupo único, mas a realidade não é essa. A linha de frente contra o regime é formada hoje por militares que desertaram após a violenta repressão de Assad contra as manifestações pacíficas do ano passado. Estes formam o Exército Livre da Síria (ELS), cuja capacidade de lutar ainda é inferior à das forças regulares de Assad. Somam-se ao ELS diversos grupos diferentes, incluindo religiosos radicais, cujas credenciais democráticas são tão precárias quanto às de Assad.

Diante deste cenário, a possível derrubada do ditador e a ascensão automática desses grupos apresentam dois riscos graves para o futuro da Síria. O primeiro é o surgimento de uma administração precária em substituição ao atual governo. Reportagem publicada nesta quarta-feira pela revista Time mostrou como os Comitês de Organização Local, agora responsáveis por cuidar das cidades que caíram nas mãos dos rebeldes, têm problemas para realizar suas tarefas. Entre esses problemas estão desde a falta de dinheiro, causada pela incapacidade de arrecadação, até brigas de família por conta do controle desses comitês. O segundo problema é o surgimento de uma violência sectária que dê à Síria um destino semelhante ao da Iugoslávia, dividida em Estados conforme linhas étnico-religiosas, ou do vizinho Iraque, à beira de uma guerra civil entre xiitas e sunitas.

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