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Atirador de Munique era obcecado por tiroteios em massa

Autoridades descartam ligação com extremismo islâmico; com nacionalidade alemã e iraniana, jovem pesquisava sobre atentados e sofria de depressão

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O atirador que matou nove pessoas e feriu 16 em um ataque em Munique na sexta-feira 22 era obcecado por tiroteios em massa, de acordo com autoridades alemãs.

No quarto do jovem de 18 anos a polícia encontrou vasto material sobre ataques a tiros, incluindo o livro Why kids kill – Inside the minds of school shooters (Por que crianças matam – por dentro da mente de atiradores em escolas). “O agressor era obviamente obcecado por esse assunto”, afirmou o chefe da polícia de Munique, Hubertus Andrä.

De acordo com Andrä, o ataque tem uma “conexão óbvia” com os atentados feitos pelo extremista de direita norueguês Anders Behring Breivik, que matou 77 pessoas há exatos cinco anos, em 22 de julho de 2011.

O agressor, identificado como David, também teria feito pesquisas sobre um adolescente que abriu fogo em 2009 em uma escola da cidade de Winnenden, perto de Stuttgart, no sudoeste da Alemanha, matando 15 pessoas.

Andrä afirmou que o massacre em Munique “é um ato clássico de quem sofre de problemas mentais”, ao descartar uma ligação do jovem com o grupo Estado Islâmico e outras organizações terroristas.

Segundo ele, o jovem sofria de depressão e passava por tratamento psicológico, mas alegou não ter maiores detalhes. Os pais do agressor, “muito abalados”, ainda não prestaram depoimento à polícia.

David é descrito por vizinhos como uma “pessoa muito quieta”. “Ele nunca disse um ‘oi’. Sua linguagem corporal era de alguém muito tímido”, afirmou Stephan, garçom de um café que fica no mesmo prédio onde o atirador morava. Delfye Dalbi, um vizinho, disse que o jovem era prestativo e “nunca amargo ou bravo”. Outro morador disse que David “nunca aparecia com amigos”.

O jovem de dupla nacionalidade nasceu em Munique. Os pais dele, um taxista e uma atendente iranianos, migraram para a Alemanha como requerentes de asilo no final da década de 1990, informou o ministro do Interior alemão, Thomas de Maiziére.

O chefe da polícia de Munique afirmou que o atirador “agiu sozinho” e que “não tem nenhuma ligação com refugiados”. David se suicidou com um tiro na cabeça depois do ataque. Com ele, a polícia encontrou uma pistola Glock e 300 munições, que carregava numa mochila. Os investigadores tentam saber como o jovem, que não tinha passagem pela polícia, adquiriu a arma, que estava com a numeração raspada.

Por volta das 18h (horário local) de sexta, o agressor abriu fogo contra clientes de uma filial da lanchonete McDonald’s, na rua Hanauer Strasse, no noroeste da Munique. Depois, seguiu para o shopping center Olympia, que fica no outro lado da rua, onde fez mais vítimas.

O chefe da polícia criminal do estado da Baviera, Robert Heimberger, disse que, aparentemente, o atirador hackeou a conta de uma usuária do Facebook antes do ataque e fez um convite para as pessoas irem ao shopping buscar brindes às 16h (horário local). O ministro do Interior alemão, Thomas de Maizière, confirmou que existe a suspeita.

Depois do massacre, o jovem foi para a cobertura do estacionamento do shopping. Um morador que estava na varanda de um prédio gravou pelo celular um diálogo com o agressor. Depois de ser xingado, o rapaz afirmou que nasceu e cresceu na Alemanha. Ele disparou mais vezes em direção à parede da garagem e, depois, para o outro lado da rua. Em seguida, o jovem se afastou do shopping e cometeu suicídio.

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