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Aliança árabe-curda inicia batalha em Rakka, reduto do EI na Síria

A “capital” do Estado Islâmico se torna alvo após três anos de “califado”

Soldados da aliança árabe-curda antes do início da ofensiva em Rakka
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Por Delil Souleiman

As Forças Democráticas Sírias (FDS), aliança árabe-curda apoiada pela coalizão liderada pelos Estados Unidos, entraram nesta terça-feira 6 em Rakka, marcando o início do ataque final a este reduto do grupo extremista Estado Islâmico (EI) na Síria.

No início da manhã, as FDS anunciaram a última etapa dessa ofensiva lançada há sete meses que permitiu recuperar progressivamente vastas regiões ao redor da cidade e assim cercar os extremistas. “Declaramos hoje o início da grande batalha para libertar Rakka, a capital do terrorismo“, declarou o porta-voz das FDS, Talal Sello, a jornalistas no vilarejo de Hazima, ao norte da cidade, nas mãos do EI desde 2014.

Logo depois, uma comandante das FDS, Rojda Felat, anunciou a entrada das tropas “no bairro de Meshleb, zona leste da cidade”. Ela também afirmou que combates violentos eram travados nos arredores da área norte da cidade.

A ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) confirmou a entrada das FDS na região, onde assumiram o controle de vários edifícios. “Tomaram o posto de controle em Meshleb e de vários prédios”, disse o porta-voz do OSDH, Rami Abdel Rahman.

As FDS atacam Rakka pelo norte, oeste e leste, segundo Sello. “Com os aviões da coalizão internacional e as armas que nos forneceram, vamos retomar Rakka”, garantiu.

“Longa e difícil”

Mas o general americano Stephen Townsend, comandante das forças da coalizão internacional liderada pelos EUA, advertiu em um comunicado que a batalha será “longa e difícil”.

No entanto, “será um golpe decisivo” para o “califado do EI“, afirmou, em referência ao “califado” autoproclamado pelo EI em 2014 nos territórios conquistados na Síria e no vizinho Iraque.

Townsend acrescentou que a ofensiva em Rakka se inscreve numa batalha mais ampla contra o EI, que reivindicou uma série de ataques na região e também na Europa. “O EI ameaça todas as nações, não apenas o Iraque e a Síria”, ressaltou. No Iraque, os extremistas estão perto de perder Mossul, seu último grande reduto urbano no país.

Em preparação à ofensiva final em Rakkaa, “a coalizão realizou ataques aéreos durante a noite”, de acordo com o OSDH. O porta-voz das FDS, Talal Sello, pediu aos civis na cidade para se afastarem das posições do EI e das frentes de combate.

A coalizão liderada por Washington fornece à aliança árabe-curda apoio aéreo e ajuda em terra com assessores.

Enquanto Rakka é cercada em terra pelo norte, leste e oeste, os “aviões da coalizão atacam os jihadistas que tentam cruzar o rio” a partir do sul da cidade, indicou o OSDH.

Cerca de 300 mil pessoas vivem em Rakka, incluindo 80 mil deslocados internos que fugiram de outras partes da Síria desde o início da guerra.

As forças antiextremistas acusam o EI de utilizar os civis como “escudos humanos” e de se esconder entre a população. Os riscos também são grandes para os civis que tentam fugir.

De acordo com o OSDH, um ataque aéreo da coalizão internacional deixou 21 mortos entre os civis que tentavam fugir na da cidade segunda-feira 5.

“Os civis pegavam pequenos barcos na margem norte do Rio Eufrates para escapar dos subúrbios da zona sul de Rakka”, explicou Rami Abdel Rahman. Mulheres e crianças estão entre as vítimas. Aviões russos também realizaram ataques contra comboios do EI que tentavam deixar Rakka.

Quase 200 mil pessoas deixaram a cidade, de acordo com um porta-voz da coalizão internacional.

A organização humanitária Médicos Sem Fronteiras também indicou que a fuga de civis sírios de Rakka estava em ritmo acelerado. Cerca de “800 pessoas chegam diariamente ao campo” de deslocados de Ain Issa, 30 quilômetros ao norte de Rakka, e a situação é difícil por causa da falta de meios humanitários.

Iniciada em março de 2011 pela repressão do regime às manifestações pacíficas pró-democracia, a guerra na Síria tornou-se mais complexa com a ascensão dos jihadistas e o envolvimento de atores regionais e internacionais.

O conflito já deixou mais de 320 mil mortos e obrigou mais da metade dos quase de 22 milhões de habitantes a deixar suas casas.

*Leia mais em AFP

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