Glenn Greenwald
Caso Belarus: EUA condenam exatamente o que fazem, diz Greenwald
Interrupção de voo por Lukashenko repete ato de EUA e Europa contra Edward Snowden, diz o jornalista
“Os Estados Unidos expressam indignação e condenam exatamente as mesmas coisas que eles fazem”, afirmou o jornalista Glenn Greenwald, ao analisar a reação da Casa Branca à decisão do presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, de interromper o trajeto de um avião e prender um jornalista opositor em Minsk.
A aeronave, um Boeing 737-800, saía da Grécia em direção à Lituânia no domingo 23, mas recebeu uma ordem de autoridades bielorrussas para que fizesse um pouso de emergência na capital do país governado por Lukashenko. Na ocasião, o Estado bielorrusso prendeu o jornalista Roman Protasevich, que era procurado pelo líder europeu.
Joe Biden, novo chefe da Casa Branca, chamou o incidente de “ultrajante” e a União Europeia impôs sanções à Bielorrússia, com restrições do uso do espaço aéreo do bloco de 27 países pelas companhias bielorrussas.
Para Glenn Greenwald, o ato de Lukashenko, de fato, representou um crime internacional contra os direitos humanos. No entanto, Estados Unidos e Europa, para ele, “não têm credibilidade” para questionar a Bielorrússia.
Em 2013, lembra ele, os estadunidenses e europeus se uniram para fazer “exatamente o mesmo” contra Edward Snowden e Evo Morales. Na época, Snowden era reivindicado por Washington após a liberação de informações sigilosas do serviço de inteligência.
Snowden estava em Hong Kong, na China, em busca de asilo em outro país, quando recebeu um aceno da Bolívia. O analista de sistemas então obteve autorização de Hong Kong para fazer um voo a Moscou, que seguiria para para Cuba e depois Bolívia. Após Snowden chegar a Moscou, no entanto, os Estados Unidos suspenderam o seu passaporte. Snowden, então, ficou sob asilo temporário na Rússia.
Evo Morales, por sua vez, teve um voo interrompido pela União Europeia no mesmo ano. Seu avião, pousado à força na Áustria, foi invadido por autoridades que estavam à procura de Snowden. Se, de fato, Snowden estivesse lá, os EUA e a Europa estariam desrespeitando uma decisão soberana da Bolívia de ceder asilo. Porém, Snowden não estava – e o bloco ocidental acabou admitindo essa “vergonha”, conforme categoriza Greenwald.
Confira a análise na íntegra a seguir, no canal de CartaCapital no YouTube.
Um minuto, por favor…
O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.
Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.
Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.
Assine a edição semanal da revista;
Ou contribua, com o quanto puder.