No terceiro dia da Copa do Mundo, o repórter Victor Pereira foi atacado por cidadãos no Catar após a bandeira de Pernambuco ser confundida com o símbolo LGBT+. A polícia foi acionada e, em meio a uma abordagem violenta, confiscou o aparelho celular do jornalista.
País-sede da Copa, o Catar tem atraído a atenção da mídia não só pelo esporte, mas pela postura do governo contra os direitos humanos, como a proibição de relação entre pessoas do mesmo sexo, com pena de até três anos de prisão.
“Fui atacado por alguns integrantes do Catar e também por policiais, porque eles vieram em cima achando que era bandeira LGBT. Fui filmar, mas eles pegaram meu celular e só devolveram me obrigando a deletar o vídeo”, relatou Pereira. “Isso é um absurdo, porque nós temos autorização da FIFA para filmar absolutamente tudo aqui no estádio.”
Fomos abordados por conta da bandeira de Pernambuco, que tem um arco-íris e acharam que era a bandeira LGBT. Tomaram o meu celular e só me devolveram quando deletei o vídeo que tinha. pic.twitter.com/7X2oal8bq1
— Victor Pereira (@ovictorpereira) November 22, 2022
Torcedores gravaram o momento em que Victor foi abordado e tentou explicar que estava no local como repórter. Segundo o jornalista, o grupo envolvido tomou e pisoteou o símbolo do estado.
A ação foi gravada por Victor e outros espectadores, mas agentes obrigaram todos a deletar as imagens.
Sorte que algumas pessoas estavam ao redor e gravaram. pic.twitter.com/tpW4Jo4Xbe
— Victor Pereira (@ovictorpereira) November 22, 2022
Manifestações de ativistas são barradas e desencorajadas
Na segunda-feira 21, o jornalista norte-americano Grant Wahl foi impedido de acessar a área de mídia em um dos estádios por vestir uma camisa que mostrava um arco-íris envolvendo uma bola de futebol, em apoio à comunidade LGBT+.
Just now: Security guard refusing to let me into the stadium for USA-Wales. “You have to change your shirt. It’s not allowed.” pic.twitter.com/TvSGThMYq8
— Subscribe to GrantWahl.com (@GrantWahl) November 21, 2022
Também nesta semana, sete seleções europeias anunciaram que seus capitães não utilizarão braçadeiras em apoio à causa LGBT+, temendo sanções da FIFA. O item integrava a campanha One Love, lançada pela Holanda e que traz à tona não só o combate à homofobia, mas ao racismo e a outras formas de preconceito.
A FIFA argumentou que o uso das braçadeiras não estava previsto no regulamento e, segundo as seleções, ameaçou punir os jogadores com cartões amarelos.
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