Museu do Futebol conta história das mulheres no esporte e exibirá Copa

Vídeos, fotos e objetos dos acervos pessoais de atletas compõem a exposição que já é considerada a maior do País sobre futebol feminino

Fotos: Eduardo Merege / Divulgação

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É bem possível que várias pessoas que estejam lendo esta matéria não saibam que por um longo período durante o século 20, as mulheres eram proibidas de jogar futebol. Também é possível que nem todos conheçam as conquistas e todos os obstáculos enfrentados e vencidos pelas mulheres que hoje brilham nos gramados (alô, Marta!). Pegando carona em ano de Copa do Mundo de Futebol Feminino, o Museu do Futebol, em São Paulo, está em cartaz com a mostra “Contra-Ataque! As mulheres do futebol”.

Além de um mergulho na história – a exposição já é considerada a maior do País sobre o assunto e fica em cartaz até 20 de outubro -, o Museu também oferece transmissão ao vivo de todos os jogos da oitava edição da Copa, que acontece na França.

Com projeto expográfico de Daniela Thomas, o público poderá conferir vídeos, fotografias, objetos dos acervos pessoais de atletas e um panorama com fatos que vão desde antes da proibição da prática do futebol pelas mulheres – que vigorou por várias décadas do século 20 – até a oitava edição da Copa do Mundo. A narrativa promete surpreender e emocionar ao relatar as conquistas femininas no esporte mais popular do mundo fazendo paralelo com a história dos avanços pela igualdade de direitos.

Fotos: Eduardo Merege / Divulgação

Para contar essa história, o Museu do Futebol convidou para a curadoria um time de mulheres especialistas e atuantes na causa: Aline Pellegrino, capitã da seleção brasileira de futebol feminino (2004 a 2013) e atual coordenadora da modalidade na Federação Paulista de Futebol, destacando-se como uma das poucas gestoras mulheres na área; Aira Bonfim, pesquisadora da participação feminina no esporte antes da proibição; Luciane Castro, jornalista pioneira na cobertura dos jogos e campeonatos femininos; e Silvana Goellner, professora e coordenadora do Centro de Memória do Esporte da UFRGS.


“Essa exposição trouxe bastante mobilização nas mídias sociais. Muita gente que já é engajada com o assunto vem vibrar e quem não está também vem. Todo mundo tem ao menos uma história com futebol, mas sempre é pelo ponto de vista masculino, tá na hora de virar esse jogo”, defende a antropóloga e diretora do Museu, Daniela Alfonsi.

A tendência é que as mulheres ganhem cada vez mais visibilidade dentro e fora dos esportes, acredita a diretora. O Museu vinha trabalhando com a iniciativa desde 2015, quando pela primeira vez começou a incluir mulheres nos acervos principais e digitais. No final do ano passado, o Itaú Unibanco decidiu patrocinar o projeto e foi “recebido com muita alegria”, conta Alfonsi.

Recentemente, o Museu do Futebol fez uma parceria com alunos e professores da Faculdade Cásper Líbero para realizar uma “editatona” da Wikipedia, isto é, uma maratona para edição e criação dos verbetes da plataforma. Cerca de 20 pessoas editaram 90 termos e criaram outros 12. A ideia é que o projeto tenha continuidade, melhorando as informações disponíveis sobre as jogadoras de futebol.

Cartão vermelho para o machismo

A diretora da instituição relata que já foi vítima de machismo ao longo da carreira profissional. “Sempre tem aquelas famosas piadinhas ‘o que é impedimento?’, ‘quais times estão na série A?’ Toda essa sociabilidade masculina criada em cima do futebol. Antes de mim, já havia outra mulher como diretora do Museu e isso é muito importante”, conta.

Daniela Alfonsi é antropóloga e diretora de conteúdo do Museu do Futebol desde 2014. Entre 2008 e 2013, foi coordenadora de documentação, pesquisa e exposições do mesmo museu, responsável pela concepção do Centro de Referência do Futebol Brasileiro. No Museu, realizou mais de 20 exposições sobre futebol. É doutora em Antropologia pela USP, com pesquisa sobre esporte, patrimônio e museus. (Foto: Elisa Mendes)

Ícones mundiais como Marta, única a ganhar seis títulos de melhor do mundo, e Formiga, com sua trajetória esportiva de excelência, têm destaque na exposição ao lado das jogadoras Sissi, Emily Lima, Cristiane, da árbitra Silvia Regina e também de torcedoras que ocuparam seu lugar na história do futebol brasileiro.

Um pebolim feminino e um álbum de figurinhas gigantes são atrações lúdicas da mostra. A novíssima geração de jogadoras como Julia Rosado, a Juju Gol, de apenas 9 anos, também está representada. A garota, inclusive, já visitou a mostra e publicou em seu Instagram um texto de agradecimento.

Serviço

Exposição “Contra-ataque! As mulheres do Futebol”


Até 20 de outubro

Terça a domingo, das 9h às 17h (visitação até as 18h)

Museu do Futebol – Praça Charles Miller, s/nº, São Paulo, SP

15 reais | Meia-entrada: 7,50 | Entrada gratuita às terças-feiras

*Clientes Itaú pagam meia-entrada. O desconto não é cumulativo com outras ofertas. Sujeito à disponibilidade.
* Horários diferenciados de funcionamento em dias de jogos no Estádio do Pacaembu. Consulte o site museudofutebol.org.br.
* Estacionamento com Zona Azul (5 reais válido por 3h)

 

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