Esporte

Lenda do futebol, Zagallo morre aos 92 anos

Ex-jogador e técnico teve papel fundamental em quatro dos cinco títulos mundiais da Seleção

Lendária estrela brasileira foi o primeiro a vencer a maior competição do futebol como jogador e treinador. Foto: Lucas Figueiredo/CBF
Apoie Siga-nos no

O ex-jogador e técnico Mário Jorge Lobo Zagallo, lenda do futebol e único tetracampeão do mundo, faleceu nesta sexta-feira 5 aos 92 anos, confirmou uma nota publicada em sua conta oficial no Instagram.

“É com enorme pesar que informamos o falecimento de nosso eterno tetracampeão mundial Mario Jorge Lobo Zagallo”, informa o breve comunicado sobre o falecimento do ídolo.

O ‘Velho Lobo’ teve papel fundamental em quatro dos cinco títulos mundiais da Seleção. Em campo, onde atuou como ponta-esquerda, foi campeão em 1958 (Suécia) e 1962 (Chile), ao lado de Pelé e Garrincha.

Como técnico, comandou aquela que para muitos é a melhor seleção da história, que além do ‘Rei’ tinha Jairzinho, Tostão, Gérson e Rivellino, que conquistou o tri em 1970 (México).

“Muito do que aconteceu na minha vida e com a Seleção é uma dívida que tenho com você”, disse Pelé, que faleceu em dezembro de 2022 aos 82 anos, em um documentário da Fifa.

No quarto título do Brasil, em 1994 (Estados Unidos), foi coordenador técnico compondo a comissão de Carlos Alberto Parreira.

Obsessão pela ‘Amarelinha’

Nascido em 9 de agosto de 1931 em uma família de origem ítalo-libanesa em Maceió (Alagoas), Zagallo começou sua carreira no futebol no América do Rio de Janeiro, em 1948.

Como milhares de brasileiros, chorou na final da Copa de 1950, na derrota do Brasil para o Uruguai, o famoso ‘Maracanaço’. Na ocasião, era um soldado designado para fazer a segurança do Maracanã.

Depois, defendeu Flamengo e Botafogo, onde se aposentou. No Estádio Olímpico Nilton Santos, casa do alvinegro, uma estátua rende homenagem ao ‘Velho Lobo’.

Foi convocado pela primeira vez para a Seleção pouco antes do Mundial de 1958 e, pela sua polivalência, ganhou espaço na equipe dirigida por Vicente Feola.

“Minha paixão pela Seleção começou quando não tinha jogadores nem treinador. O amarelo nunca saía da minha cabeça”, afirmou Zagallo.

Na final na Suécia, marcou o quarto gol e deu o passe para Pelé fazer o quinto na vitória por 5 a 2 sobre os anfitriões.

No Chile, quatro anos depois, e com o ‘Rei’ machucado desde o segundo jogo, assumiu o protagonismo ao lado de Garrincha, Didi e Vavá para chegar ao bicampeonato.

Em 1966, quando pendurou as chuteiras, começou sua carreira como treinador no Botafogo. Embora tenha conquistado títulos por clubes, foi no comando da Seleção que se tornou imortal.

Fez o “impossível”

Sua primeira mostra de personalidade foi quando calou os críticos que acreditavam que a Seleção não poderia jogar com tantos craques como titulares.

Usando o esquema 4-3-3, Zagallo escalou cinco camisas ’10’ no time: Pelé, Tostão, Rivellino, Gérson e Jairzinho.

“Disseram que seria impossível fazer com que todos se encaixassem em tão pouto tempo, mas ganhamos o Mundial”, afirmou.

Em 21 de junho de 1970, o Brasil goleou a Itália na final por 4 a 1 e Zagallo se tornou o primeiro jogador e treinador a ganhar a Copa. Depois dele, só a lenda alemã Franz Beckenbauer (1974 e 1990) e o francês Didier Deschamps (1998 e 2018) conseguiram igualar o feito.

Como técnico, também classificou a seleção dos Emirados Árabes Unidos pela primeira e única vez à Copa do Mundo, em 1990, embora tenha sido demitido antes do torneio por reclamar de bônus não pagos.

Voltou a treinar o Brasil para a Copa do Mundo de 1998, mas perdeu a final por 3 a 0 para a França.

“Tive muitos treinadores importantes, mas, sem dúvida, o maior de todos foi o Zagallo”, disse Ronaldo ‘Fenômeno’.

Muito supersticioso, o ‘Velho Lobo’ acreditava que o número 13, por ser o dia de Santo Antônio (13 de junho), dava sorte: se casou com sua esposa em um 13 de junho e na conquista do tetra escrevia frases com 13 letras em um blog.

Encerrou sua carreira esportiva como coordenador técnico da Seleção na Copa de 2006, na Alemanha, onde o Brasil caiu para a França nas quartas de final (1 a 0).

Desde então, teve aparições públicas esporádicas.

Assessorado por seus familiares, nos últimos anos compartilhava seu dia a dia e prestava homenagens em seu perfil no Instagram, onde se apresenta como “eternamente apaixonado pela Amarelinha”.

ENTENDA MAIS SOBRE: ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo