Esporte

Globo e TV mexicana pagaram 15 milhões por Copas, diz Buzarco

Testemunha de acusação afirmou que valor foi destinado ao argentino Julio Grondona, então responsável pelo comitê financeiro da Fifa

Grondona, que morreu em 2014, teria recebido propinas da emissora
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Em novo depoimento em Nova York nesta quarta-feira 15, o argentino Alejandro Buzarco, testemunha de acusação do julgamento sobre o escândalo de propinas da Fifa, afirmou que a TV Globo pagou parte de uma bolada de 15 milhões de dólares ao dirigente esportivo Julio Grondona pelos direitos de transmissão das Copas de 2026 e 2030. Então encarregado do comitê financeiro da entidade máxima do futebol, o cartola argentino morreu em 2014. 

Na terça-feira 14, Buzarco havia incluído a emissora brasileira em uma relação de seis grupos que teriam pago vantagens irregulares por contratos de transmissão. Além da Globo, ele relatou que a mexicana Televisa cobriu parte do valor de 15 milhões de reais pagos à sua empresa, a Torneos y Competencias, como propina para Grondona.  

A quantia foi paga integralmente, segundo Burzaco, e destinada a uma “subconta” no banco privado Julius Baer, da Suíça. Representantes das empresas teriam se encontrado ainda em uma reunião em Zurique, mas a testemunha não detalhou quem seriam eles. 

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O valor de 15 milhões era controlado pela Torneos y Competencias, empresa criada por Buzarco para realizar os pagamentos irregulares. Segundo ele, os valores pagos oficialmente eram abaixo do padrão do mercado, para que pudessem ser inflados com propinas. 

Sobre as acusações, a Globo manteve o mesmo posicionamento de ontem, em que nega qualquer atividade de propina por parte da empresa ou de seus representantes (leia ao fim da matéria). 

Buzarco está sendo ouvido como uma das testemunhas de acusação no julgamento de José Maria Marin, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol acusado de extorsão, fraude financeira e lavagem de dinheiro. O atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, também é investigado pelas autoridades norte-americanas, mas continua em liberdade por não haver a previsão de crime de corrupção privada no Brasil.

Na corte norte-americana, o delator chorou no início de seu segundo dia de depoimento.  Na noite da terça-feira 14, o advogado argentino Jorge Alejandro Delhon, apontado por Buzarco como participante do esquema, foi encontrado morto. Acusado de receber propinas em esquemas com Grondona, ele teria se atirado à frente de um trem na cidade de Lanús.

Leia o posicionamento da TV Globo:

Sobre o depoimento ocorrido em Nova York, no julgamento do caso FIFA pela justiça dos Estados Unidos, o Grupo Globo afirma veementemente que não pratica nem tolera qualquer pagamento de propina.

Esclarece que, após mais de dois anos de investigação, não é parte nos processos que correm na justiça americana. Em suas amplas investigações internas, apurou que jamais realizou pagamentos que não os previstos nos contratos.

O Grupo Globo se surpreende com o relato envolvendo o ex-diretor da Globo Marcelo Campos Pinto. O Grupo Globo deseja esclarecer que Marcelo Campos Pinto, em apuração interna, assegurou que jamais negociou ou pagou propinas a quaisquer pessoas. O Grupo Globo se colocará plenamente à disposição das autoridades americanas para que tudo seja esclarecido.

Para a Globo, isso é uma questão de honra. Os nossos princípios editoriais nem permitiriam que seja diferente. Mas o Grupo Globo considera fundamental garantir aos leitores, aos ouvintes e aos espectadores que o noticiário a respeito será divulgado com a transparência que o jornalismo exige.

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