Esporte
Conselho do Corinthians vota pelo impeachment e afasta Augusto Melo da presidência
Nos próximos cinco dias, o clube anunciará uma assembleia-geral dos associados


O Conselho Deliberativo do Corinthians aprovou, na noite desta segunda-feira 26, o processo de impeachment do presidente Augusto Melo. A votação ocorreu na sede social do clube, na zona leste da cidade de São Paulo.
O placar foi de 176 votos pelo “sim”, 57 pelo “não” e um em branco. A decisão afasta Melo do comando do Corinthians, que passa a ser presidido interinamente pelo vice Osmar Stábile. A decisão final sobre o impeachment, porém, caberá a uma assembleia-geral dos sócios, a ser convocada em até cinco dias.
Se a assembleia rejeitar o impedimento, Melo retornará ao cargo. Se confirmar a destituição, os conselheiros elegerão um presidente para exercer o atual mandato até o fim de 2026.
O impeachment avança com base em acusações de irregularidades no contrato de patrocínio com a VaideBet, infração da Lei Geral do Esporte e desrespeito ao estatuto do clube.
No início da reunião do conselho nesta segunda, Melo fez um pronunciamento no qual negou a possibilidade de renunciar.
“Não vou participar dessa palhaçada. Não estou renunciando, vou brigar para continuar aqui. Vai ter a votação, eles são a maioria, não tenho dúvida de que a votação vai passar, tem 60 dias para a assembleia-geral e vamos brigar pelo Corinthians”, declarou.
Na mira da polícia
Augusto Melo foi indiciado pela Polícia Civil de São Paulo por associação criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro, na semana passada. Ele e outros três suspeitos são investigados no chamado Caso VaideBet, que apura irregularidades em um contrato assinado entre o clube e a casa de apostas. Uma eventual denúncia à Justiça cabe ao Ministério Público.
Um relatório elaborado pelo delegado responsável pelo caso informou que pelo menos 870 mil reais pagos ao clube pelo patrocinador foram repassados à conta de uma empresa vinculada ao Primeiro Comando da Capital, o PCC, e citada pelo empresário Vinícius Gritzbach, delator da facção que foi assassinado no Aeroporto de Guarulhos em 2024.
O contrato entre Corinthians e VaideBet foi assinado em janeiro de 2024. Em junho, a casa de apostas rompeu o acordo, depois de enviar notificações extrajudiciais questionando o uso de “laranjas” pelo clube durante as negociações e os procedimentos para assinatura.
Em nota publicada nas redes sociais após o indiciamento, a defesa de Melo disse que “recebeu com incredulidade e indignação o relatório final do inquérito”.
“Reitera-se a convicção de que o presidente Augusto Melo não possui qualquer envolvimento com eventuais irregularidades relacionadas ao caso.”
Em nota oficial, a direção do clube afirmou que a instituição é “vítima das circunstâncias investigadas e reforça que não possui controle sobre o que terceiros fazem com valores recebidos em decorrência de contratos firmados”.
Além de Augusto Melo, foram indiciados o ex-diretor administrativo do Corinthians Marcelo Mariano; o ex-superintendente de marketing do clube Sérgio Moura; e o empresário Alex Cassundé, dono da empresa responsável pela intermediação do contrato com a empresa de apostas.
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