Esporte
Campeã olímpica da Costa Rica e outros dois ex-nadadores relatam agressões de treinador
Francisco Rivas, hoje com 75 anos, continua em atividade e não respondeu às acusações


Claudia Poll, única campeã olímpica da história da Costa Rica, e outros dois ex-nadadores do país da América Central relataram nesta segunda-feira 14 que sofreram abusos psicológicos, físicos e sexuais do renomado técnico local Francisco Rivas.
“Sofri todos os abusos [psicológicos] possíveis” de Rivas, disse Poll, medalhista de ouro nos 200 metros livre nos Jogos de Atlanta de 1996, enquanto a ex-integrante da equipe costarriquenha Marcela Cuesta alegou que foi vítima de abuso sexual pelo treinador quando era menor de idade.
Os ex-nadadores fizeram a denúncia no programa Interferencia, de jornalismo investigativo da rádio da Universidade da Costa Rica.
Rivas “estava sempre mexendo nos meus pertences pessoais, roubou meus celulares (…). Quando ainda podia, pagou para que gravassem minhas conversas (…), vasculhava meu lixo”, disse Poll, que também conquistou duas medalhas de bronze nos Jogos de Sydney-2000.
“Uma vez, ele tirou preservativos usados do meu lixo, fez uma fotocópia e me mostrou. Exigiu que eu lhe dissesse a quem pertenciam”, acrescentou a ex-atleta de 52 anos.
O técnico, hoje com 75 anos, continua em atividade e não respondeu às acusações.
Rivas é treinador há cinco décadas, liderou seis equipes olímpicas e a Galería Costarricense del Deporte o descreve como “o técnico de natação mais bem-sucedido da América Latina”.
Marcela Cuesta, que abandonou as competições aos 16 anos, contou que “quando eu era muito jovem, ele tentou me tocar [nas minhas partes íntimas] de uma forma ou de outra, e eu o afastei imediatamente”.
“Ele nunca mais fez isso. Ele teve o cuidado de não fazer isso novamente”, acrescentou a ex-atleta de 53 anos, vencedora de três medalhas pan-americanas nos Jogos de Indianápolis de 1987.
“Me lembro de quando Francisco me dizia: você é brilhante, você é maravilhosa, você tem um talento incrível, mas Deus te fez estúpida, você é burra”, acrescentou.
Cuesta indicou que há alguns meses denunciou o ocorrido à Federação Costarriquenha de Esportes Aquáticos, mas a organização respondeu que os incidentes estavam “prescritos”.
O ex-nadador Manuel Rojas também alegou ter sofrido “abuso físico e psicológico” por parte do técnico.
Em certa ocasião, o treinador decidiu lhe fazer massagens, disse Rojas, embora a federação tivesse um fisioterapeuta. “Não foi uma massagem, foram pancadas (…). Senti o punho nas minhas pernas, os cotovelos nas minhas costas, mas não era algo tipo terapia, eram lesões”, afirmou.
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