O ministro da Educação deve ser uma pessoa equilibrada, comprometida com sua função e, acima de tudo, séria. Qualquer ministro, diga-se. Abraham Weintraub, porém, é uma figura diferente. Alterna momentos de agressividade, como os vistos na segunda-feira 22, com uma ironia descabida. Quase um aprendiz de Carlos Bolsonaro. É o que se viu nesta sexta-feira 26. Weintraub postou a frase “Ministro da Educação balança mas não cai”, juntamente com uma foto deitado em uma rede.
Ministro da Educação balança mas não cai 😁 pic.twitter.com/1AZtqKjT7g
— Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) July 26, 2019
O ministro está de férias em Santarém, no Pará, até o dia 27 de julho, local onde protagonizou o bate-boca com manifestantes na última segunda-feira. Ao sair para jantar com a esposa e os filhos, Weintraub foi surpreendido por um grupo que entregou a ele uma cafta, referência irônica ao episódio no qual ele errou o sobrenome do celebrado escritor Franz Kafka, chamando-o pelo nome da iguaria árabe. Os manifestantes também seguravam cartazes fazendo referência aos cortes nos orçamentos das universidades e sob a acusação de que as unidades promovem balbúrdia.
Na ocasião, Weintraub pegou o microfone da praça em que estava e disse aos manifestantes. “Eu queria só mostrar a diferença da esquerda e de quem não é de esquerda. Eu com a minha família aqui, 3 crianças pequenas. Nunca roubei, não sou do PT, nunca recebi bolsa, e vocês vem tentar me humilhar em frente aos meus filhos”, disse. O bate-boca envolveu líderes indígenas, até que o ministro se retira com seus familiares, sob vaias.
Relembre o episódio:
Após o ocorrido, o MEC soltou numa nota dizendo repudiar “os lamentáveis atos de violência sofridos pela pessoa do ministro da Educação, Abraham Weintraub, e seus familiares”.
Mais ataques pelas redes sociais
As redes sociais do ministro também foram amplamente utilizadas esta semana para atacar a Rede Globo, que veiculou uma reportagem questionando a validade de suas férias remuneradas 3 meses e 11 dias após assumir o cargo. A reportagem comparava o ministro a outros, como Sérgio Moro, que saiu de férias sem remuneração.
A questão é que as férias do ministro são relativas a 2018, ano em que ainda atuava como servidor público efetivo – desde 2014 ele atuou como professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O MEC também soltou um esclarecimento sobre as férias do ministro. A emissora retificou a informação, pediu desculpas ao ministro, retirou as reportagens do ar, mas não se viu livre dos ataques de Weintraub.
Ainda nessa sexta-feira, ele fez novo post se referindo ao assunto:
Estive refletindo sobre a última tendência: Adélio alegou problemas psiquiátricos, os hackers também, o próximo passo seria “especialistas” e “jornalistas” da globo/marinho alegarem problemas psiquiátricos para justificar suas mentiras….
— Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) July 26, 2019
Na semana anterior, a mira do Ministro se voltou contra estudantes e integrantes da UNE que manifestaram contra o Future-se, novo programa do MEC que pretende modificar o financiamento de universidades e institutos federais a partir de modelos de negócios junto ao mercado privado. Weintraub compartilhou uma publicação chancelando a violência que a PM usou contra alguns manifestantes que estavam à frente do MEC no dia 16 de julho, data em que a proposta foi apresentada aos reitores das universidades em uma reunião fechada.
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