Weintraub: “O País vive a maior revolução do ensino nos últimos 20 anos”

Segundo o ministro, o maior feito do governo foi retirar o kit gay das escolas e colocar livros para os estudantes lerem com as famílias

O ministro da Educação, Abraham Weintraub (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil)

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O ministro da educação Abraham Weintraub afirmou durante reunião da Comissão de Educação na Câmara dos Deputados que o país “vive a maior revolução na área do ensino dos últimos 20 anos”. “O símbolo máximo disso é que sai o kit gay e entram livros para as crianças lerem com os pais, as crianças que estão fora das creches começarão a chegar no ano que vem, teremos internet a todas as escolas públicas do Brasil”, declarou durante a sessão. O “kit gay” era, na verdade, um material educativo chamado “Escola sem Homofobia”, que tinha como objetivo combater a violência e o preconceito contra a população LGBT (composta por travestis, transexuais, gays, lésbicas, bissexuais e outros grupos). O material foi suspenso pela então presidenta Dilma Rousseff após críticas de setores conservadores.

Weintraub foi convocado nesta quarta-feira 11 para esclarecer a deputados as declarações de que existem plantações de maconha nas universidades federais do País.

Comissão aponta ineficiência e falta de planejamento do MEC

As declarações do ministro vão na contramão do que apontou o relatório da Comissão Externa de Acompanhamento do MEC (Comex) apresentado no último dia 3 de dezembro. O grupo de trabalho apontou que o planejamento e a gestão do Ministério da Educação estão muito aquém do esperado, também destacou a baixa execução orçamentária de diversos programas educacionais, alguns próximos a zero, e a falta de publicação do planejamento estratégico pela pasta contemplando o ano de 2019.

O relatório ainda aponta entre as suas principais conclusões que as secretarias ligadas à pasta não publicaram seus planos de trabalho e que, os publicados, não apresentam priorizações, clareza nas metas, prazos ou responsáveis para as ações propostas. Ainda de acordo com a comissão, a atual gestão apresenta o menor número de agentes em cargos de confiança com experiência em instituições acadêmicas, na educação, em órgãos públicos subnacionais ou até mesmo órgãos vinculados ao MEC.

A atual gestão, avalia o grupo, não avançou nem em pautas dadas como prioritárias pelo governo, caso da Política Nacional de Alfabetização que “não tem um plano de ação e nenhum dos entes federados sabe como e quando chegará às escolas. Além disso, a maior parte das políticas nacionais de alfabetização não foram executadas, o que é ainda mais grave”, aponta o documento.


A coordenadora da Comissão, a deputada Tabata Amaral (PDT-SP) declarou ao apresentar o relatório: “O MEC cruzou os braços, o ministro cruzou os braços. Tivemos vários debates, embates, demissões e coisas ideológicas, mas aluno e professor continuam desassistidos e mais (ainda) do que no passado, o que é extremamente preocupante. Queremos ter uma conversa madura, responsável e dizer que podemos discordar em várias coisas, mas aluno e professor não estão nem aí para isso. Eles querem que alguma coisa aconteça. A gente vai continuar lutando para ter um diálogo com MEC e dentro da Câmara”, declarou. “A gente espera que no próximo ano consiga corrigir a rota e recuperar um pouco do que foi perdido”, emendou.

A Comex foi criada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a partir de um requerimento assinado por 50 deputados de diversos partidos. Ainda conta com o deputado João Campos (PSB-PE) como vice-coordenador, o deputado Felipe Rigoni (PSB-ES) como relator e como sub-relatores os deputados Professor Israel (PV-DF), Luísa Canziani (PTB-PR), Eduardo Bismarck (PDT-CE), Paula Belmonte (Cidadania-DF), Rose Modesto (PSDB-MS) e também o parlamentar Campos.

O parlamentar João Campos afirma que o trabalho da Comissão funciona como um mecanismo de fiscalização, “deixando o populismo e discursos inflamados de lado”. “Nossos esforços se voltam para garantir que a atuação do MEC seja pautada por estudos e dados técnicos, e não com base em uma guerra ideológica”, afirmou.

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