Educação

Weintraub ataca imprensa e chama jornalista de “boca de esgoto”

Ministro recomendou ao profissional uso de enxaguante bucal e água sanitária

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O ministro da Educação usou as suas redes sociais nesta quinta-feira 23 para direcionar um duro ataque à imprensa. Em um vídeo, Abraham Weintraub acusa um jornalista de propagar mentiras sobre uma possível irregularidade na compra de computadores feita pelo MEC para as escolas do país, detectada pela Controladoria-Geral da União (CGU). Tudo indica que as ofensas são direcionadas ao jornalista Marco Antonio Villa, da Jovem Pan, a quem o ministro chama de “boca de esgoto”.

“O que você pode esperar de uma pessoa que ninguém quer sentar perto dele? Todo mundo quer distância. Será que é só essa coisa carregada ou é pela fama de mau hálito também? Se for mau hálito, eu não vou lá enquanto ele estiver, mas para as próximas pessoas que quiserem passar pelo suplício de uma entrevista, tenta usar um produtinho aí. Talvez melhore. Não sei se vai ser suficiente, ô boca de esgoto”, diz o ministro, enquanto mostra um frasco de um enxaguante bucal.

Weintraub continua: “Se não conseguir, água sanitária”, diz, ao também mostrar o frasco do produto.

Em outro vídeo, Weintraub deixa claro que sua crítica é à rádio Jovem Pan, que ele diz tê-lo decepcionado muito por ter demitido o jornalista e o rencontratado novamente. “Ta lá, fazendo os barracos dele habituais. Quem foi que pressionou para a Jovem Pan recontratar esse cara? Será que foi o Doria? Será que foi o PDSB? Porque desde a volta dele, a Jovem Pan só bate no governo Bolsonaro e faz colchãozinho para o PSDB lá de São Paulo”.

Entenda o caso

O ministro desmente que tenha assinado compra de computadores, atrelando a aquisição à antiga gestão. Também diz que as irregularidades na licitação não foram descobertas pela CGU e sim pelo governo. Em dezembro do ano passado, no entanto, a imprensa noticiou o fato de outra maneira.

Uma reportagem do O Globo afirma que a Controladoria Geral da União detectou irregularidades em uma licitação deR$ 3 bilhões do MEC, que poderiam gerar prejuízos milionários aos cofres públicos, e recomendou a suspensão do pregão eletrônico. Os recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), responsável pelo processo de contratação, seriam destinados a comprar equipamentos de informática para abastecer escolas de todo o país.

Ainda de acordo com a reportagem, a contratação faz parte do Programa Educação Conectada, lançado em 2017, com o objetivo de adquirir computadores, notebooks, projetores e lousas digitais para alunos das redes públicas de ensino estaduais e municipais. Em novembro de 2019, o presidente Bolsonaro anunciou a ampliação do programa, com investimentos de R$ 224 milhões até o final de 2020, atendimento de 70 mil escolas e 27,7 milhões de alunos.

A licitação alvo de suspeitas foi lançada formalmente em 21 de agosto deste ano. Abraham Weintraub está à frente da pasta desde abril.

Segundo o relatório de auditoria, obtido pelo Globo, a licitação estimou um número maior do que o necessário de computadores a serem adquiridos, usando critérios falhos e sem base técnica. A CGU aponta ainda que não houve uma “ampla pesquisa de mercado” sobre os preços dos equipamentos, provocando “risco de sobrepreço dos itens a serem contratados, com possibilidade de grandes prejuízos aos cofres públicos”.

Na época, a reportagem afirmou que a licitação havia sido suspensa pelo FNDE, que iria refazer o edital para corrigir os desvios.

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