Educação

Planetário em alto-relevo para 
deficientes visuais

A estrutura reproduz cerca de 70 constelações e suas respectivas estrelas que podem ser tocadas pelos visitantes

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Como oferecer aos deficientes visuais uma percepção menos abstrata sobre a distribuição das estrelas e constelações na abóbada celeste, o tamanho e movimento dos astros, entre outras noções de Astronomia? O Grupo de Amadores de Astronomia, vinculado à Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) de Ilha Solteira (SP), criou um planetário especial que tem ajudado a transpor esse desafio.

Dividido em duas partes, uma representando o céu noturno do Hemisfério Norte e a outra do Hemisfério Sul, o planetário é composto de uma casca celeste em formato de semicírculo que fica suspensa sobre o visitante e reproduz cerca de 70 constelações e suas respectivas estrelas em alto-relevo e, portanto, perceptíveis ao tato. “São, aproximadamente, 35 constelações do Hemisfério Norte e 35 no Hemisfério Sul”, conta o professor Cláudio Luiz Carvalho, coordenador do projeto.

As estrelas são representadas por esferas de diferentes tamanhos, acompanhadas por legendas com seus nomes em braile. “Quando olhamos para o céu, conseguimos detectar, por exemplo, que uma estrela é mais brilhante que a outra ou que uma parece bem maior que as demais. Em Astronomia, chamamos essa percepção de magnitude aparente. Aparente, porque não é realista”, explica Carvalho. Pois, embora possamos ver uma estrela que parece bem pequena no céu, isso pouco tem a ver com seu verdadeiro tamanho. “Com as várias esferas, tentamos transmitir essa noção para um deficiente visual”, explica Carvalho.

Além disso, linhas unem as estrelas, ajudando os visitantes a compreender o formato das constelações. “Quando olha para a Constelação de Escorpião, por exemplo, você usa a imaginação para unir as estrelas e ver essa figura. Da mesma forma, o deficiente visual pode tatear essas linhas e ver o que elas compõem”, explica.

A visita conta com a orientação de dois professores monitores que auxiliam os visitantes com as dúvidas. “Mas a exploração é por conta do próprio deficiente visual, tentamos, ao máximo, não induzir a sua percepção do planetário”, aponta Carvalho. Futuramente, os alunos de Licenciatura em Física da universidade deverão assumir essa função. Hoje, as visitas são feitas, exclusivamente, por meio de agendamento por telefone. Com a ampliação dos monitores, a expectativa é flexibilizar o atendimento.

O grupo pretende dar continuidade à inclusão dos deficientes visuais por meio de outros projetos. Entre eles, a criação de um planetário representando o céu diurno que, em vez de estrelas e constelações, trará outros corpos celestes. “O projeto  ainda não foi concluído. A ideia é retratar os movimentos aparentes dos planetas e do Sol”, conta Carvalho. O professor também frisa que os projetos podem ser desfrutados por todos. “Junto às legendas em braile, também colocamos etiquetas com a escrita tradicional. Os planetários estão abertos para qualquer pessoa interessada em perceber os astros por meio do toque.”

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