Disciplinas

Uma carta contra a violência na Palestina

Como debater o conflito entre israelenses e palestinos sem maniqueísmo?

Crianças na faixa de gaza|
Crianças palestinas observam avião israelense na Faixa de Gaza Faixa de Gaza
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O conflito entre israelenses e árabes palestinos coloca em evidência a complexi
dade de ideias como diferença, inclusão, compartilhamento de espaço, mágoa, medo, injustiça.

Toda a argumentação, da mais sofisticada à mais simples, por mais que tenha buscado colocar a paz e a convivência solidária como valores humanos fundamentais, não foi ainda capaz de impedir as ações destruidoras da guerra e da violência. Tal circunstância se nos apresenta tão irracional que parece impossível compreendê-la.

Confira sugestão de produção textual baseada neste texto

Competência: Confrontar opiniões e pontos de vista

Habilidades: Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas e recursos linguísticos. Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais como a intimidação,comoção e chantagem, entre outras
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1. Após dividir os estudantes em grupos, o professor incumbirá cada um deles de uma frente de pesquisa: pesquisa histórica sobre as motivações desse conflito, sobre outras guerras em processo ao redor do mundo, sobre as semelhanças e diferenças em relação às motivações dessas guerras, sobre o papel e a dificuldade das ações diplomáticas na resolução dos conflitos.

2. Enquanto a pesquisa se processa, o professor pode indicar para leitura e discussão uma coletânea de artigos que amplie o olhar dos estudantes em torno do debate que ocorre sobre esse conflito em vários veículos de comunicação.
3. Concluída a pesquisa, cada grupo, utilizando-se de estratégias variadas (seminários, painéis, texto síntese…), compartilhará com o restante da sala o resultado de seu trabalho.
4. Para não ficar apenas nas questões mais objetivas que envolvem o conflito Israel-Palestina, vale a pena um debate com um profissional da área de psicologia a respeito de como as questões emocionais devem ser consideradas no enfrentamento de um conflito dessa magnitude. Não há dúvidas de que uma solução mais duradoura dependerá, em parte, da forma como pessoas, grupos de pessoas ou toda a população serão capazes de lidar com alguns aspectos que se encontram na esfera psicológica: como conter o desejo mais radical de vingança que muitos episódios já vividos suscitam? Como lidar com o medo que a nova situação pode gerar? Como lidar com ações imprevistas ou mais radicais que podem reforçar um retorno ao conflito armado? Como cuidar das feridas psicológicas que os conflito mais recentes vão deixar? Essas são algumas questões a serem consideradas.

5. Após um estudo da carta argumentativa enquanto gênero – algo que pode ter se realizado paralelamente às atividades anteriores – e levando em conta as informações sobre a história desse conflito e a compreensão dos aspectos de natureza psicológica nele implicados, os estudantes, em duplas, já podem escrever uma carta argumentativa apelando para que órgãos institucionais os mais variados insistam, apesar das contradições, parcialidades e radicalismos já conhecidos, na busca de alternativas diplomáticas para o conflito em detrimento das ações bélicas. Quando vislumbradas, pode ser interessante apontar ações concretas que venham a contribuir para a superação do conflito.

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A História talvez possa apontar os múltiplos episódios que concorreram para o impasse que esses dois povos vivem, mas nada disso pode justificar a barbárie a que assistimos. Para isso, talvez o que de mais difícil tenha de se enfrentar seja o humano, o demasiadamente humano.

Para nós, que estamos tão longe da Faixa de Gaza e de Israel, não é simples dimensionar o que lá ocorre. Como provocar o debate dessas questões em sala de aula sem empurrar os estudantes para uma reflexão maniqueísta ou parcial?

A sequência de atividades a seguir tem como objetivo permitir que os estudantes compreendam melhor como o conflito entre judeus e palestinos se estabeleceu.

Ao mesmo tempo, problematiza o desafio que a esses povos há de se colocar, que é o de suportar historicamente tudo o que se viveu, sem a obrigação do revide ou da vingança, em benefício de uma condição de coexistência futura que leve em conta o direito à vida e a dignidade daqueles que aí estão e daqueles que estão por vir. Por outro lado, a atividade convida os estudantes a participar ativamente do debate em torno dessa questão.

Carta argumentativa
A produção de uma carta argumentativa, pela demanda de um interlocutor concreto, exige uma sequência de atividades que, ao final, coloca os estudantes em diálogo com outras pessoas e instituições que, direta ou indiretamente, podem influir sobre o conflito vivido entre israelenses e palestinos: embaixadas, ONGs relacionadas à defesa dos direitos humanos, instituições religiosas etc.

Isso reforça o caráter significativo das atividades que realizarão e os posiciona politicamente em relação a fatos que, mesmo distantes, exigem de todos algum posicionamento solidário. Concluída a carta, o seu envio a uma dessas instituições torna os estudantes participantes ativos do debate que no momento se desenrola.

*José Carlos de Souza é professor de pós-graduação em Formação de Escritores do Instituto Vera Cruz

Saiba mais

Filmes
O Filho do Outro, de Lorraine Levy. 2012

Promessas de um Novo Mundo, de Justine Arlin, Carlos Bolado, B.Z. Goldberg. 2001

Livros
Um Estado, Dois Estados – Soluções para o conflito Israel-Palestina, de Benny Morris, Sefer.

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