Educação

‘Sou pró-reescravização do Nordeste’: Alunos de colégio alemão são investigados após mensagens em grupo

O caso foi levado à polícia por um estudante negro da mesma instituição, que foi adicionado a um grupo de mensagens anti-PT e anti-Lula

Créditos: Reprodução Youtube
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Um grupo de estudantes do Colégio Visconde de Porto Seguro, da unidade de Valinhos (SP), é investigado pela Polícia Civil após proferir insultos racistas e de ódio a um estudantes negro da mesma instituição. A escola, de origem alemã, é frequentada por um público de elite.

O caso aconteceu em um grupo de WhatsApp no qual Antônio, de 15 anos, foi adicionado no domingo 30, dia do segundo turno das eleições. O adolescente foi adicionado ao grupo ‘Fundação Anti Petismo‘ no momento em que acompanhava a apuração das eleições, em casa, ao lado da mãe, a advogada Thaís Cremasco.

O objetivo do grupo seria convocar os estudantes do colégio a fazerem uma manifestação contra o resultado das eleições que deu a vitória a Lula (PT).

Ao ser adicionado, o adolescente conta que se deparou com mensagens violentas e discursos de ódio de cunho racista, xenofóbicas, gordofóbicas e com referências a ditadores como o nazista Adolf Hitler e o italiano Benito Mussolini.

No grupo, circularam frases como “quero que estes nordestinos morram de sede”, “quero sua mãe aquela negrinha”, “sou pró-reescravização do Nordeste” , “quero ver pobre se f*der ainda mais agora” e “ai ai como pobre é burro”.

O estudante contou que tentou dialogar com um dos membros do grupo ao se deparar com conteúdo nazista de exaltação a Hitler, com uma imagem do ditador, e os dizeres “Se ele fez com judeus, eu faço com petistas”. Ao alertá-lo que a declaração configurava em crime, contudo, ele foi bloqueado. Depois, disse ter tido acesso a a um print do Instagram em que o mesmo rapaz dizia para um influenciador: “Espero que você morra, FDP negro.”

O jovem foi à escola normalmente um dia após as eleições, na segunda-feira 31 e disse ter sido procurado por demais estudantes com novas provas de conteúdo que circularam pelo grupo. Na mesma data, ele reuniu todo o conteúdo e entregou para a direção da escola.

No mesmo dia, ele conta que os estudantes contrários à eleição de Lula fizeram um ato no colégio, no horário do intervalo. No dia seguinte 1, Antônio se juntou a demais colegas para fazer outra manifestação, contra o racismo.

A mãe e o adolescente registraram um boletim de ocorrência sobre o caso, que é investigado pela Polícia Civil de Valinhos. A reportagem entrou em contato para confirmar a abertura do inquérito e quais possíveis crimes serão investigados e aguarda posicionamento.

Antônio disse que, após o caso, a escola suspendeu um dos envolvidos e divulgou um comunicado alegando que o jovem envolvido tinha ‘cometido um erro grave’. A família cobra posições mais enérgicas da instituição, como a expulsão dos envolvidos, por terem incorrido em crimes.

À imprensa a escola se posicionou em nota dizendo que repudia atos de racismo, mas não esclareceu as ações que irá tomar.

“O Colégio Porto Seguro repudia qualquer ação e ou comentários racistas contra quaisquer pessoas. Os atos de injúria racial não são justificados em nenhum contexto. Considerando que a construção de uma sociedade livre, justa e igualitária pressupõe o respeito à diversidade e as liberdades, o Colégio não admite nenhum tipo de hostilização, perseguição, preconceito e discriminação. Vale lembrar que em todos os campi são realizadas palestras, orientações educacionais e projetos sobre a diversidade de opinião, de raça e gênero para alunos e comunidade escolar.”

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