Educação

Ribeiro atuou para favorecer universidade acusada de fraude no Enade

O centro universitário Unifil teria tido acesso à avaliação e respostas com antecedência. Exame avalia qualidade das instituições

Ribeiro atuou para favorecer universidade acusada de fraude no Enade
Ribeiro atuou para favorecer universidade acusada de fraude no Enade
O novo ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro. Foto: PR
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O ministro da educação, Milton Ribeiro, atuou nos bastidores para privilegiar um centro universitário presbiteriano acusado de fraude no Enade de 2019. A denúncia foi publicada nesta segunda-feira 10, em reportagem da Folha de S. Paulo.

 

Uma investigação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) aponta que há fortes indícios, inclusive estatísticos, de que a coordenadora do Centro Universitário Filadélfia (Unifil), com sede em Londrina, teve acesso à prova e às respostas com antecedência. O caso teria acontecido no curso de Biomedicina da instituição.

O Enade é realizado para avaliar o rendimento de estudantes concluintes de cursos de graduação. A avaliação é uma das que compõe os indicadores de qualidade das instituições de ensino superior. Desempenhos ruins podem levar ao fechamento de cursos.

Fontes ouvidas pelo jornal indicam que o ministro atuou para impedir que a investigação contra a instituição, conduzida também pelo Ministério da Educação (MEC), fosse enviada à Polícia Federal.

Ribeiro, inclusive, teria ameaçado demitir lideranças do Inep, caso a investigação fosse levada adiante. Já em 2020, a área técnica do órgão e a Procuradoria do Inep teriam concluído pela necessidade de investigação criminal. Na época, o presidente do Inep era Alexandre Lopes, exonerado do cargo em fevereiro deste ano.

A Unifil, que tem ligação com a Igreja Presbiteriana Central de Londrina, tem como chanceler o pastor Osni Ferreira, líder da igreja e apoiador do presidente Bolsonaro. O reitor da instituição é o irmão do pastor, Eleazar Ferreira.

Ainda de acordo com a apuração, um ofício sobre o caso só foi encaminhado à Polícia Federal em fevereiro deste ano, após o MEC concluir a investigação de maneira favorável à instituição e ignorar as possíveis fraudes apontadas pelo Inep. Em nota, o ministério da Educação afirmou que toda a apuração do caso foi realizada de “maneira técnica”.

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