Educação

Que livro você daria a uma criança?

Para comemorar o Dia das Crianças, o Carta Educação levou a pergunta a seis educadores. Confira!

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Viajar sem sair do lugar, voar sem ter asas, caminhar sem tirar os pés do chão. Com um livro nas mãos, não há limite para a criatividade. Com a leitura, podemos conhecer lugares, nos deparar com conflitos e situações até então desconhecidas e levar conosco personagens que nos marcarão pelo resto da vida. Além de prazerosa, a leitura forma. Amplia a capacidade de compreensão do mundo, fortalece o senso crítico e trabalha valores importantes para a formação do indivíduo, como respeito, empatia e solidariedade.

Para comemorar o Dia das Crianças, o Carta Educação perguntou a seis educadores e especialistas em educação: “Que livro você daria a uma criança?”. Confira!

“Eu indicaria o Diário de Blunka, da editora Pulo do Gato. Esse livro é encantador tanto para crianças como para adultos. Ele trata das crianças que eram cuidadas pelo Doutor Janusz Korczak. O livro não fala diretamente de que elas são prisioneiras de guerra e que em breve serão encaminhadas para o campo de extermínio. Pelo contrário apresenta o encanto de cada criança com seus limites e suas características próprias , cada uma na sua singularidade, que compõe um lindo grupo diverso e coeso.

Além disso, a história mostra os princípios da educação proposta por esse pensador que, mesmo na adversidade, consegue mostrar para as crianças o que é cuidar de si e do outro, com autonomia e ao mesmo tempo tendo em vista o bem comum. Diria que é leitura essencial , além de uma ilustração belíssima e rica em emoções”


Cisele Ortiz, psicóloga, especialista em Educação Infantil e coordenadora adjunta do Instituto Avisa Lá

“Quando somos educadores, a leitura nos traz experiências deliciosas. E quando nos tornamos pais, esta experiência fica ainda mais gostosa… mesmo que a gente acabe dormindo na hora de o lobo mau assoprar e derrubar a casinha… e acorda com um cutucão: “Mãããããe!!! E o lobo?!”. E, assustada, levanta e bufa mais que o sopro do lobo, mas se diverte com a bronca!

Assim, nesta toada de tantas experimentações, uma indicação que eu não poderia deixar de fazer aqui é a poética história de “Flicts”, do Ziraldo, que emociona até os adultos da casa. A brincadeira de cores e de imagens ensina, diverte e encanta. Indicação muito apropriada para os pequenos que ainda não sabem ler, para os que estão aprendendo, e … por que não para os marmanjos de plantão?

Na escola, trabalho diretamente com o público adolescente. E nas aulas de leitura com livros do Pedro Bandeira, a atenção é sempre garantida. Ofereça a um adolescente o “Descanse em paz, meu amor!” e observe sua cara ao final desta aventura. Tem mistério. Tem muito susto. E a gente chora junto no final, mas não é de medo! E, aí, vai encarar?!”

Érika Suzuki, professora coordenadora na E.E. Profa. Inah de Mello, em Santo André

“São tantos os livros e de tantos excelentes autores queria seria muito difícil escolher apenas um….Aliás, deveríamos dar montanhas de livros para todas as crianças, eles não perderam o seu encantamento, a escola é que não soube mantê-los encantados. Mas são títulos fundamentais, “Memórias inventadas”e “Meu quintal é maior que o Mundo”, de Manoel de Barros, provavelmente, o criador de histórias e inventor de palavras novas mais importante no Brasil, pois ele as cria como as crianças criam, livres e soltas. Ele parte da simplicidade das “coisas” e as transforma em poesias e imagens fantásticas. Nos faz pensar que “o mundo deveria ser sempre criança”, e não crescer nunca!

E “Indez”e ”Flora”, ambos de Bartolomeu Campos Queirós, que faz das lembranças de sua infância, muitas vezes sofridas, um conjunto de histórias bonitas e repletas de sentimentos e valores humanos que todas as crianças devem (ou deveriam) ter. Ele fez dos “pequenos nadas”, das coisas mais simples e do cotidiano da infância, o apoio para crescer e sobreviver como adulto. Assim, seus textos infantis são repletos de beleza e cuidado, de uns com os outros e de todos com a natureza que nos cerca.”

Tião Rocha, educador e diretor-presidente do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD)

“Representatividade importa! Pensando nisso, sugiro como presente o livro “Joãozinho e Maria”, publicado pela editora Mazza Ediçoes, em 2013.Trata-se de uma adaptação da obra do escritor alemão Jacob Bimm. Contrapondo-se à tradição dos contos de fadas publicados no Brasil, nos quais os personagens principais são sempre brancos e de olhos azuis, ‘Joãozinho e Maria” é protagonizado por duas crianças negras, que têm como desafio superar as maldades da bruxa e da madrasta. As ilustrações de Walter Lara encantam crianças, jovens e adultos.

Presentear crianças com livros que contemplem a diversidade étnico-racial do país é um passo importante para o combate ao racismo, como também para a elevação da autoestima de meninos e meninas negras. É ainda uma oportunidade de educar crianças não-negras para o respeito e para a igualdade.”


Luana Tolentino, professora de História em escolas públicas da periferia de Belo Horizonte e da região metropolitana da cidade

“Depende da faixa de idade, mas escolheria um que encantasse, que mostrasse o poder da literatura. Me lembro que o meu padrinho morava longe e, todo ano, ele me mandava um livro de presente de uma escritora americana chamada Laura Ingalls, que escreveu sobre a vida dela na colonização do meio oeste americano – são oito ou nove livros ao todo. Eu me lembro da ansiedade pela chegada do final do ano só para ganhar os livros. O último da coleção chama “Anos Felizes”, o melhor desse livro era a possibilidade de imaginar, a autora falava das nevadas, de um Natal que nevou tanto que ninguém conseguia sair de casa.

Eu sempre lembro da literatura como aquele momento que nos leva para um outro lugar, é aquela possibilidade de imaginar, de melhorar sua leitura, criatividade, imaginação, tudo que é importante para um cidadão, para uma criança agir mais criticamente e solidariamente. Também daria Pedro e o Lobo, Moby Dick, O Sítio do Pica Pau Amarelo, apesar de todas as críticas a Monteiro Lobato pela questão do racismo, e um título mais recente A mentira da verdade, da Editora SM, em que o autor mostra a luta entre a verdade e a mentira a partir de uma lenda africana da criação do mundo.”

Pilar Lacerda, diretora da Fundação SM

“O livro que eu escolho é Mania de Explicação, da Adriana Falcão. Ela o escreveu quando sua filha estava com nove anos e perguntava sobre tudo, fase de muita curiosidade. Estimular as crianças nesse sentido as farão mais curiosas em todas as idades. É um livro muito criativo e poético que eu recomendo para crianças a partir dos seis ou sete anos.”

Claudia Mogadouro, pesquisadora doutora em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da USP

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