Educação

Quando professor, ministro da Educação chamou estudantes de ridículos

Abraham Weintraub se envolveu em polêmica com alunos da Unifesp, na época em que era docente, e defendeu a candidatura de Bolsonaro

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O atual ministro da Educação, o economista Abraham Weintraub, tem um histórico de polêmica junto aos estudantes do Diretório Acadêmico XIV de Março, entidade representativa de todos os estudantes de graduação da Unifesp.

Em novembro de 2017, os alunos repudiaram, via nota pública, a associação de Abraham Weintraub e de seu irmão Arthur Weintraub, ambos docente da Universidade, ao plano econômico defendido pelo então candidato à presidência Jair Bolsonaro.

Na publicação, de 13 de novembro de 2017, como deputado federal, Bolsonaro defendeu um Banco Central independente “com mandato e metas de inflação claras, aprovadas pelo Congresso Nacional, para nunca mais um populista colocar em risco o orçamento das famílias brasileiras”. A publicação colocava que a percepção de risco, embutida nos juros das dívidas mais longas, seria reduzida e viabilizaria investimentos e o crescimento do Brasil”.

A nota, que reforçava o Brasil como “a pátria dos brasileiros, e não a terra de ladrões, corruptos e de quadrilhas organizadas”, foi assinada pela equipe de Bolsonaro, pelo atual ministro da educação Abraham Weintraub e seu irmão Arthur.

Abraham  foi um dos nomes indicados para o gabinete de transição do governo e se tornou, junto com seu irmão, um dos principais nomes da Casa Civil. Na secretaria executiva, Abraham era o substituto imediato de Onyx Lorenzoni, e também responsável por endereçar questões relevantes para o governo, de cunho econômico ou de outras áreas.

À época da polêmica, os estudantes condenaram a associação dos dois professores ao candidato por entenderem que Bolsonaro não estaria “de acordo com as primícias básicas de respeito aos Direitos Humanos e do ensino público, gratuito e socialmente referenciado”, conforme escreveram.

O grupo ainda fez uma defesa ampla da Educação, enumerando a falta de investimentos na área e cortes que não só afetavam a expansão da universidade e pesquisas, como a continuidade dos estudos.

“Faz-se mais do que necessário o respeito a tais premissas, e a retomada dos investimentos na educação. Vivemos um cenário político no qual o nosso direito básico de estudar está sendo ameaçado, tendo restrições e retrocessos de direitos em todas as áreas. Na Universidade Pública, em específico, sofremos com retrocessos estruturais nos Hospitais Universitários, cortes nas áreas de pesquisa, diminuição da expansão universitária, retrocedendo na abertura de novos campus, vagas e cursos. Também sofremos cortes constantes nas políticas de permanência dos estudantes, aumentando a evasão da universidade”, manifestaram os alunos.

Os irmãos Weintraub também publicaram uma nota em resposta à manifestação dos estudantes – a publicação foi feita no Facebook de Arthur. Os professores da Unifesp chamaram ironicamente o texto dos alunos de “brilhante” e questionaram a sua representatividade, alegando que, dos cinco cursos disponíveis na Faculdade de Economia, apenas dois teriam se colocado contra a associação deles a Bolsonaro.

“Sabemos que muitos forem ensinados que a ciência é burguesa e que cálculo/estatística foram preteridas em sua formação. Todavia, trata-se de matemática básica, sendo possível (caso a pessoa não seja muito burra) aprender até na Wikipedia: 2/5 <3/5 (< significa menor). Assim, 2/5 não podem falar pela maioria dos discentes do campus (discente significa aluno)”, ironizava a publicação dos Weintraub .

Os irmãos continuaram. “Deixem de ser ridículos e apresentem nota de repúdio aos SEUS professores, responsáveis pela brilhante classificação nacional em que se encontram”, grafam em outro trecho da resposta. Abraham e Arthur colocaram ainda que os estudantes deveriam “se envergonhar de puxarem a média do campus para baixo”. E defenderam que os seus alunos tinham ficado em primeiro lugar no Brasil nas avaliações de Atuária e Contabilidade.

A dupla encaminhou o final da resposta aos estudantes alegando que esperavam não ter prejudicado “a árdua tarefa dos que buscam transformar a Unifesp em uma cópia barata da gloriosa faculdade de Economia da Unicamp”. Em continuado tom irônico pedem “perdão” aos alunos por não “obedecerem cegamente às determinações dos engajados” e por pensarem de forma independente e livre.

Por fim, os irmão se disseram “ansiosos pela Ditadura do Proletariado, quando justos, democratas, iluminados e sábios tomarão o poder e quando finalmente nós seremos enviados para um campo de reeducação, como acontece na esplendorosa Cuba ou na Coreia do Norte (a Valhalha comunista)”. A carta de resposta aos estudantes é finalizada com “saudações tcheguevarianas” e assinada por Abraham e Arthur.

Confira abaixo a resposta do atual ministro Abraham Weintraub e seu irmão Arthur aos estudantes da Unifesp:

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