Educação

Professor paulistano convive com a insegurança, mostra pesquisa

Educação municipal de São Paulo foi avaliada em diversas dimensões e recebeu nota 2,7 numa escala de 0 a 10

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A grande maioria (72,1%) dos professores da cidade de São Paulo considera seu local de trabalho inseguro e praticamente todos (93,5%) já foram trabalhar estando doentes ou com dor. É o que revela a pesquisa Retrato da Rede 2016, publicada pelo SINESP (Sindicato dos Especialistas de Educação do Ensino Público Municipal de São Paulo), que avaliou a situação da educação na maior rede municipal de ensino no País.

O levantamento, feito com a participação dos gestores educacionais em parceria com o sociólogo Rudá Ricci, reúne dados de seis dimensões educacionais – gestão de pessoas; apoio técnico da Secretaria Municipal de Educação; capacitação; ambiente físico e equipamentos; saúde e violência – para elaborar o ISEM (Indicador SINESP da Educação Municipal), um termômetro da qualidade da rede.

O índice de 2016 trouxe uma pequena melhora em relação ao ano anterior, mas permanece muito baixo. Na escala que vai de 0 a 10, a educação municipal de São Paulo recebeu a pífia nota de 2,7. No ano de 2015, a avaliação ficou em 2,5.

Dentre os seis eixos analisados, os quadros mais preocupantes estão ligados à gestão de pessoas e saúde. “Falta de docentes é um problema crônico da rede municipal de ensino, afeta todas as etapas atendidas pela prefeitura, mas é mais grave nos ano finais do Ensino Fundamental”, explica Luiz Carlos Ghilard, presidente do SINESP e representante dos especialistas de educação. A periferia concentra as regiões que mais precisam de profissionais.

Segundo Ghilard, também não há uma política de governo para alterar o quadro de omissão à saúde do trabalhador. Doenças ou sintomas como stress, ansiedade, gastrite e depressão foram frequentemente citados pelos educadores. “Programas de prevenção a doenças e atendimento médico qualificado seriam soluções para este retrocesso”, diz.

Já entre os avanços, é possível apontar uma melhora significativa na capacitação do gestor ligada ao aumento da oferta de cursos em sua área de atuação.

O Retratos da Rede 2016 também indicou alta presença de terceirização – 97% dos entrevistados apontaram presença de terceirizados em seus locais de trabalho. Para Ghilard, o quadro prejudica a qualidade da rede como um todo.

“Uma das lutas que o Sinesp trava desde sua criação é a relacionada à terceirização. O processo de terceirização dos serviços tem ocorrido com a autorização em massa das creches conveniadas, assim como a terceirização dos trabalhadores nas atividades de vigilância e limpeza nas unidades educacionais”, conta.

Essa tendência tem gerado, em alguns casos, um atendimento de segunda classe nas creches conveniadas para as crianças, assim como a rotatividade e falta de vínculo dos funcionários terceirizados com a comunidade escolar, o que prejudica a implantação do projeto político pedagógico.

Muitos dos problemas evidenciados pela pesquisa de 2016 já haviam sido apontados na edição anterior e poderiam ter avançado se houvesse um maior diálogo entre secretaria e educadores. “A falta de diálogo com quem está nas unidades educacionais por parte do governo tem sido marca de todas as administrações. Por mais que o discurso seja voltado ao trabalho coletivo e no investimento na gestão democrática, o que de fato ocorre é a ausência de escuta”, conclui Ghilard.

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